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  • sábado, 9 de março de 2019

    Padrões sociais e suas implicações nos Transtornos Alimentares sobre um olhar Psicossocial


    Padrões sociais e suas implicações nos Transtornos Alimentares sobre um olhar Psicossocial 



    Transtorno alimentar (TA) é um transtorno mental que se define por padrão de comportamentos alimentares desviantes que afeta negativamente a saúde física ou mental do indivíduo.São considerados como patologias e descritos detalhadamente pelo CID 10, DSM IV e pela OMS. Incluem transtorno de compulsão alimentar periódica em que as pessoas ingerem uma grande quantidade de alimentos num curto período de tempo; anorexia nervosa, em que as pessoas comem muito pouco e, portanto, têm um baixo peso corporal; bulimia nervosa, em que as pessoas comem muito e, em seguida, tentam livrar-se da comida; pica, em que as pessoas comem produtos não-alimentares; transtorno de ruminação, em que as pessoas regurgitam o alimento; transtorno alimentar restritivo em que as pessoas possuem falta de interesse por comida; e um grupo de outros distúrbios alimentares específicos e outros distúrbios alimentares não-específicos
    De acordo com pesquisas, os índices de incidência e prevalência dos transtornos alimentares têm aumentado expressivamente nos últimos tempos (Morgan, Vecchiatti & Negrão, 2002). Pode-se perceber com facilidade a relação entre esse crescimento e os padrões de beleza da sociedade contemporânea estarem associados ao ideal de magreza. Destaca-se, nesse ponto, a influência negativa exercida pelos meios de comunicação para que se tenha um corpo magro.
    O modelo de beleza é alterado conforme os determinantes socioeconômicos. Quando a oferta de alimentos está escassa, é visto como belo aquele com peso acima do normal, pois indica riqueza e superioridade. Em contrapartida, quando ocorre o contrário – como nos dias de hoje -, aquele que come pouco demonstra autocontrole e êxito. Assim sendo, infere-se que o conceito de beleza está atrelado à distinção entre as classes sociais e ao que é considerado sucesso na contemporaneidade.
    Consequentemente, por um lado, intensifica-se o preconceito e a discriminação contra as pessoas que não conseguem se encaixar nesse padrão: os obesos. Por preconceito, para a psicologia social, entende-se uma atitude negativa em relação a um grupo e aos que dele fazem parte. Todavia, atualmente, o preconceito se apresenta com mais frequência ao negar características positivas aos integrantes de um grupo. Nesse sentido, pode-se reconhecer o preconceito contra pessoas com obesidade ao verificar que, por exemplo, mulheres acima do peso têm mais dificuldade ao ingressar no mercado de trabalho. A partir desse exemplo, pode-se concluir que o atributo da competência profissional está, para grande parte da população, em desacordo com a obesidade.
    Por outro lado, há pressão social, cada vez mais forte, para que se alcance o “corpo perfeito”, que, na maioria das situações, é biologicamente impossível. Essa pressão manifesta-se por meio de castigos (críticas e deboche) e recompensa (admiração e poder). Como resultado, observa-se a distorção da própria imagem corporal durante a busca obsessiva por um corpo que simbolize a vitória contra seus próprios desejos fisiológicos. Para as mulheres, esse símbolo é um corpo extremamente magro, que pode ser atingido através de dietas rigorosas, exercícios físicos e, até mesmo, purgação – desencadeando, assim, entre outros transtornos alimentares, bulimia e anorexia nervosa. Já entre os homens, está presente a necessidade do corpo forte e musculoso, alcançado através de dietas hiperproteicas, suplementos alimentares, exercícios físicos intensos e anabolizantes; tornando o indivíduo mais vulnerável para o desenvolvimento de vigorexia.
    Os meios de comunicação desempenham papel fundamental no surgimento e na permanência de transtornos alimentares. Inúmeras pesquisas comprovam a importância da mídia nesse processo. Entre as quais, cabe destaque a análise realizado por Becker et al. (2002), nas ilhas Fiji, com adolescentes do sexo feminino, entre os anos de 1995 e 1998 – antes e depois da exposição à televisão. Os resultados do estudo demonstraram acentuado aumento dos sintomas presentes nos transtornos alimentares, em especial a preocupação excessiva em perder peso.
     Como é sabido, a mídia fornece regras, imposições, critérios e padrões a serem seguidos. Ao mesmo tempo em que oferece uma série de produtos alimentícios com alto teor calórico, perpetua o conceito de beleza relacionado à magreza, ao apresentar quase sempre personalidades com padrão estético magro. Essa discrepância gera o desejo por consumir tais produtos, que, quando saciado, transforma-se no sentimento de culpa, vergonha e arrependimento. A fim de se livrar desse sentimento, geralmente, as pessoas – sobretudo mulheres – recorrem a laxantes, diuréticos e/ou provocam vômito.

    Integrantes
    Alda Letícia de Souza Andrade
    Amauri plácido da Silva Neto
    Beatriz dos Anjos Dias
    Luamar da Silva Biquiba Guarani
    Joquebede de Queiroz Santana
    Roney da Silva Arrais

    Acadêmicos do segundo período de Psicologia UNIVASF - 2018.1

    Referências 

    Becker, A. E., Burwell, R. A., Gilman, S. E., Herzog, D. B. & Hamburg, P. (2002). Eating behaviors and attitudes following prolonged exposure to television among ethnic Fijian adolescent girls. British Journal of Psychiatry, 180, 509-514.
    Langlois Oliveira, L., & Hutz, C. (2010). Transtornos alimentares: o papel dois aspectos culturais no mundo contemporâneo. Psicologia no Estudo, 15 (3), 575-582.

    Morgan, C. M., Vecchiatti, I. R. & Negrão, A. B. (2002). Etiologia dos transtornos alimentares: Aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24(3), 18-23.

    Myers, D.G. (200). Psicologia Social. Rio de janeiro: LTC.

    Uzunian, Laura Giron e Vitalle, Maria Sylvia de Souza. (2015). Habilidades sociais: fator de proteção para transtornos alimentares em adolescentes. Ciência & Saúde Coletiva, 20 (11).



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