Padrões sociais e suas implicações nos Transtornos Alimentares sobre um olhar Psicossocial
Transtorno alimentar (TA) é um transtorno mental que se define por padrão de comportamentos alimentares desviantes que afeta negativamente a saúde física ou mental do indivíduo.São considerados como patologias e descritos detalhadamente pelo CID 10, DSM IV e pela OMS. Incluem transtorno de compulsão alimentar periódica em que as pessoas ingerem uma grande quantidade de alimentos num curto período de tempo; anorexia nervosa, em que as pessoas comem muito pouco e, portanto, têm um baixo peso corporal; bulimia nervosa, em que as pessoas comem muito e, em seguida, tentam livrar-se da comida; pica, em que as pessoas comem produtos não-alimentares; transtorno de ruminação, em que as pessoas regurgitam o alimento; transtorno alimentar restritivo em que as pessoas possuem falta de interesse por comida; e um grupo de outros distúrbios alimentares específicos e outros distúrbios alimentares não-específicos
De acordo com pesquisas, os índices de incidência e
prevalência dos transtornos alimentares têm aumentado expressivamente nos
últimos tempos (Morgan, Vecchiatti & Negrão, 2002). Pode-se perceber com
facilidade a relação entre esse crescimento e os padrões de beleza da sociedade
contemporânea estarem associados ao ideal de magreza. Destaca-se, nesse ponto,
a influência negativa exercida pelos meios de comunicação para que se tenha um
corpo magro.
O modelo de beleza é alterado conforme os determinantes
socioeconômicos. Quando a oferta de alimentos está escassa, é visto como belo
aquele com peso acima do normal, pois indica riqueza e superioridade. Em contrapartida,
quando ocorre o contrário – como nos dias de hoje -, aquele que come pouco
demonstra autocontrole e êxito. Assim sendo, infere-se que o conceito de beleza
está atrelado à distinção entre as classes sociais e ao que é considerado
sucesso na contemporaneidade.
Consequentemente, por um lado, intensifica-se o preconceito
e a discriminação contra as pessoas que não conseguem se encaixar nesse padrão:
os obesos. Por preconceito, para a psicologia social, entende-se uma atitude
negativa em relação a um grupo e aos que dele fazem parte. Todavia, atualmente,
o preconceito se apresenta com mais frequência ao negar características
positivas aos integrantes de um grupo. Nesse sentido, pode-se reconhecer o
preconceito contra pessoas com obesidade ao verificar que, por exemplo,
mulheres acima do peso têm mais dificuldade ao ingressar no mercado de
trabalho. A partir desse exemplo, pode-se concluir que o atributo da
competência profissional está, para grande parte da população, em desacordo com
a obesidade.
Por outro lado, há pressão social, cada vez mais forte, para
que se alcance o “corpo perfeito”, que, na maioria das situações, é
biologicamente impossível. Essa pressão manifesta-se por meio de castigos
(críticas e deboche) e recompensa (admiração e poder). Como resultado,
observa-se a distorção da própria imagem corporal durante a busca obsessiva por
um corpo que simbolize a vitória contra seus próprios desejos fisiológicos.
Para as mulheres, esse símbolo é um corpo extremamente magro, que pode ser
atingido através de dietas rigorosas, exercícios físicos e, até mesmo, purgação
– desencadeando, assim, entre outros transtornos alimentares, bulimia e
anorexia nervosa. Já entre os homens, está presente a necessidade do corpo
forte e musculoso, alcançado através de dietas hiperproteicas, suplementos
alimentares, exercícios físicos intensos e anabolizantes; tornando o indivíduo
mais vulnerável para o desenvolvimento de vigorexia.
Os meios de comunicação desempenham papel fundamental no
surgimento e na permanência de transtornos alimentares. Inúmeras pesquisas
comprovam a importância da mídia nesse processo. Entre as quais, cabe destaque
a análise realizado por Becker et al. (2002), nas ilhas Fiji, com adolescentes
do sexo feminino, entre os anos de 1995 e 1998 – antes e depois da exposição à
televisão. Os resultados do estudo demonstraram acentuado aumento dos sintomas
presentes nos transtornos alimentares, em especial a preocupação excessiva em
perder peso.
Como é sabido, a
mídia fornece regras, imposições, critérios e padrões a serem seguidos. Ao
mesmo tempo em que oferece uma série de produtos alimentícios com alto teor
calórico, perpetua o conceito de beleza relacionado à magreza, ao apresentar
quase sempre personalidades com padrão estético magro. Essa discrepância gera o
desejo por consumir tais produtos, que, quando saciado, transforma-se no
sentimento de culpa, vergonha e arrependimento. A fim de se livrar desse
sentimento, geralmente, as pessoas – sobretudo mulheres – recorrem a laxantes,
diuréticos e/ou provocam vômito.
Integrantes
Alda Letícia de Souza Andrade
Amauri plácido da Silva Neto
Beatriz dos Anjos Dias
Luamar da Silva Biquiba Guarani
Joquebede de Queiroz Santana
Roney da Silva Arrais
Acadêmicos do segundo período de Psicologia UNIVASF - 2018.1
Referências
Acadêmicos do segundo período de Psicologia UNIVASF - 2018.1
Referências
Becker, A. E., Burwell, R. A., Gilman, S. E., Herzog, D. B. & Hamburg, P. (2002). Eating behaviors and attitudes following prolonged exposure to television among ethnic Fijian adolescent girls. British Journal of Psychiatry, 180, 509-514.
Langlois Oliveira, L., & Hutz, C. (2010). Transtornos alimentares: o papel dois aspectos culturais no mundo contemporâneo. Psicologia no Estudo, 15 (3), 575-582.
Morgan, C. M., Vecchiatti, I. R. & Negrão, A. B. (2002). Etiologia dos transtornos alimentares: Aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24(3), 18-23.
Myers, D.G. (200). Psicologia Social. Rio de janeiro: LTC.
Uzunian, Laura Giron e Vitalle, Maria Sylvia de Souza. (2015). Habilidades sociais: fator de proteção para transtornos alimentares em adolescentes. Ciência & Saúde Coletiva, 20 (11).
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