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  • sábado, 9 de março de 2019

    Um olhar psicogenético sobre os transtornos alimentares

     Um olhar psicogenético sobre os transtornos alimentares 

    Transtorno alimentar (TA) é um transtorno mental que se define por padrão de comportamentos alimentares desviantes que afeta negativamente a saúde física ou mental do indivíduo.São considerados como patologias e descritos detalhadamente pelo CID 10, DSM IV e pela OMS. Incluem transtorno de compulsão alimentar periódica em que as pessoas ingerem uma grande quantidade de alimentos num curto período de tempo; anorexia nervosa, em que as pessoas comem muito pouco e, portanto, têm um baixo peso corporal; bulimia nervosa, em que as pessoas comem muito e, em seguida, tentam livrar-se da comida; pica, em que as pessoas comem produtos não-alimentares; transtorno de ruminação, em que as pessoas regurgitam o alimento; transtorno alimentar restritivo em que as pessoas possuem falta de interesse por comida; e um grupo de outros distúrbios alimentares específicos e outros distúrbios alimentares não-específicos




    Os transtornos alimentares são patologias caracterizadas inicialmente pelo medo doentio de engordar. Muitos são os fatores envolvidos tanto na etiologia quanto na manutenção e na gravidade dessas doenças, principalmente fatores individuais, familiares e culturais. A busca constante  por um padrão estético globalizado já ditado pela a mídia (Magreza), segundo a literatura, tem um papel central no aumento do número de casos. O corpo se tornou um dos valores mais importantes no atual momento histórico. A indústria da estética corporal é hoje um dos maiores mercados da sociedade de consumo (Carreteiro, 2005).
    Apesar de ainda desconhecida, sabe-se que a etiologia dos transtornos alimentares traz em sua gênese uma associação a fatores sociais, psicológicos e biológicas.
    Segundo Cury (2005), esse padrão inatingível de magreza, amplamente difundido na mídia (televisão, revistas, cinema) e nos desfiles e comerciais, etc. já penetrou no inconsciente coletivo e aprisionou as pessoas dentro de si mesmas. Em consequência disso, mais de 98% das mulheres não se veem bonitas. As mulheres nunca foram tão expostas a ideais estéticos quanto hoje, era da tecnologia da produção de massa. Desta forma, mulheres passam para outras mulheres estes mandatos, escravizando-as e colocando-as em padrões rígidos (Serra, 2001).
    Henri Wallon foi um importante teórico que se preocupou com a construção de saberes a partir do seu objeto de estudo, o desenvolvimento humano. A teoria do desenvolvimento de Wallon é centrada na psicogênese da pessoa, ou seja, busca estudar o desenvolvimento do ser humano a partir de uma perspectiva genética pelo viés de uma análise comparativa.
    Wallon traz vários estágios de desenvolvimento, mas somente a partir do personalismo (03 à 06 anos) a criança começa a ver que não é igual a todos, tomando conhecimento de si e começa a construir sua personalidade a partir de uma visão do "eu".
    Para Wallon outro estágio importante é a Puberdade e Adolescência, que inicia aos 11-12 e com ela há o surgimento da chamada crise da puberdade, que afeta as dimensões cognitiva, afetivas e motoras do indivíduo. Consequentemente acontecem mudanças profundas tanto físicas quanto psíquicas.
    Wallon afirma, “O jovem expressa seus sentimentos com o corpo todo. Mímicas, gesticulações exageradas tornam-se bastante frequentes, traduzindo a falta de habilidade para dominar todo o potencial de que o novo corpo é capaz, e orientam também seu comportamento exterior. De modo geral é por meio de brincadeiras, risadas, conversas em tom de voz elevado e muita movimentação que o jovem expressa o prazer em estar realizando determinadas atividades." Sendo assim, muitos quando não se encontram dentro dos padrões ditados pela sociedade, fazem de tudo sem se importar com saúde para chegar ao tão sonhado padrão.
    Em uma pesquisa feita com estudantes no estado de Minas Gerais mostra que em relação a idade o pico de prevalência entre os escolares com escore  correspondente a algum grau de desordem alimentar ficou na faixa etária de 11 - 16 anos (adolescência precoce e início da média), que mostra uma maior predominância entre adolescentes.
     Dessa forma a  psicogenética de Wallon ajuda a compreender o desenvolvimento humano em cada fase.O desafio para aqueles que trabalham tanto na clínica como na pesquisa destes transtornos não é simplesmente descrever todos os elementos envolvidos, mas, sim, o de compreender como diversos fatores interagem entre si em cada caso ou situação. Assim o profissional  irá auxiliar a criança na busca do equilíbrio de suas emoções, mudando os comportamentos, focando também em questões de autoestima, o que o levará ao desenvolvimento de uma relação adequada com a alimentação.


    Integrantes
    Alda Letícia de Souza Andrade
    Amauri plácido da Silva Neto
    Beatriz dos Anjos Dias
    Luamar da Silva Biquiba Guarani
    Joquebede de Queiroz Santana
    Roney da Silva Arrais

    Acadêmicos do segundo período de Psicologia UNIVASF - 2018.1


    Referências 

    Cury, A. J. (2005). A ditadura da beleza e a revolução das mulheres. Rio de Janeiro : Sextante.

    Fernandes, A. E. R. (2007). Avaliação da imagem corporal, hábitos de vida e alimentares em crianças e adolescentes de escolas públicas e particulares de Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado não publicada. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG.

    Fiates, G. M. R. & Salles, R. K. (2001). Fatores de risco para o desenvolvimento de distúrbios alimentares: Um estudo em universitárias. Revista de Nutrição, 14, 1-8.

    Morgan, C. M., Vecchiatti, I. R. & Negrão, A. B. (2002). Etiologia dos transtornos alimentares: Aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24(3), 18-23.

    Serra, G. M. A. (2001). Saúde e nutrição na adolescência: O discurso sobre dietas na Revista Capricho. Dissertação de Mestrado não publicada. Escola Nacional de Saúde Pública. Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ.

    Carreteiro, T. A. (2005). Corpo e contemporaneidade. Psicologia em Revista, 11(17), 62-76.

    ABI BASTOS, LCS Dér. Henri Wallon: psicologia e educação, 2000.
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