O SUJEITO ALCOÓLICO SOB A PERSPECTIVA FENOMENOLÓGICA
Vários
fatores podem levar o indivíduo a possuir problemas com álcool, indo do uso,
para o abuso, e daí partindo para a dependência, onde estará situada a condição
do ser alcóolico. Além dos fatores biológicos/genéticos, estarão também
envolvidos os fatores culturais, ambientais e coercitivos. Essa busca ao álcool
também estará relacionada com a necessidade de “anestesiar” algo que o sujeito
não tem a capacidade de sozinho, lidar. Mostrando assim como o relato de um dos
entrevistados, que era incentivado a beber pelos seus tios desde os 12 anos, e
que uma vez que começou durou anos para parar; fazendo-o acreditar que esse
comportamento o tornaria mais “homem”, sendo, assim, uma forma de também
exemplificar como a masculinidade tóxica – promovida pelo sistema social
machista – pode influenciar um sujeito já predisposto à uma patologia, há
definitivamente tê-la. Ademais, ratificando a influência que os vínculos
próximos, e o ambiente em si, podem influenciar no desenvolvimento do
alcoolismo.
A
partir da perspectiva fenomenológica existencial, o sujeito vítima de
alcoolismo vivencia uma deterioração do desenvolvimento do self e uma
estagnação do seu processo pessoal e relacional, onde as pessoas em sua volta,
geralmente familiares, como relatado, irão perder a confiança e respeito, retirando
a autonomia e a moral desse indivíduo, fazendo-o perder sua identidade.
Seguindo o viés de Sartre sobre a liberdade, alguns alcóolicos teriam que
passar por experiências limites, chegando ao fundo do poço, o que os levaria a
escolher pela abstinência, a fim de obter a possibilidade de escolha mediante a
sua própria impotência diante do álcool e recuperar a sua autonomia. De acordo
com Amatuzzi (2001), quando o indivíduo está estagnado em uma condição e ele
começa a ter uma mobilização interna, haverá uma reconexão com seu centro,
entrando em contato consigo mesmo, com o seu coração. Assim, desemperrando o
desenvolvimento do seu processo terapêutico.
Além
da importância do autoconhecimento e do aprimoramento da relação intrapessoal,
é necessário que o centro do indivíduo entre em contato com outros centros,
ocorrendo dessa forma o processo grupal, em que estará em conexão não mais
apenas os centros pessoais, mas o centro grupal, constituído de uma sabedoria
diversificada e harmônica, em que as pessoas irão se comunicar de coração
aberto. Aqui entra a extrema importância da irmandade dos Alcóolicos Anônimos
na experiência intrapessoal e interpessoal do processo de cada indivíduo,
sendo, a partir dos relatos, o AA como o processo grupal de Amatuzzi (2001). É
no AA que os membros demonstram ter um lugar para se sentir como iguais, e
assim, haver sem julgamentos uma troca de experiências, fortalecendo uns aos
outros e, portanto, fortalecendo os vínculos grupais e os impulsionando à uma
evolução do self. Nos escritos de Amatuzzi (2001) é possível visualizar isto:
Quando
as pessoas se comunicam de coração, a partir de seu íntimo, manifesta-se a alma
do grupo, uma sabedoria viva que é maior que a consciência das pessoas, mas
que, de certa forma, depende dela. Quando a comunicação flui, e sabemos nos
abrir ao que se manifesta, acontecem muitas coisas sábias que não havíamos
previsto, e às quais não poderíamos chegar sozinhos. Isso é o processo grupal no melhor sentido da
palavra [...]
Apesar
do AA não oferecer serviço psicológico, é importante ressaltar que alguns
indivíduos encontrarão ressignificações e impulsos na evolução de seus
processos e no desenvolvimento do self em lugares diferentes. Nos relatos dos
membros do AA é muito bem evidenciado em suas experiências a evolução
espiritual e a relação familiar que possuem um com os outros, sempre
enfatizando que são uma irmandade, demonstrando a importância de se estar num
processo grupal, em que este será tido como uma extensão do âmbito individual;
foi consenso entre os entrevistados, que o AA é o melhor “remédio” que poderiam
ter.
INTEGRANTES
CARLIANE SILVA
GIOVANNA BARBOSA FERREIRA
LEILA KALINNY GOMES DE SOUZA
LILIANY JANUÁRIO GONDIM
MIRIAM VITÓRIA FERNANDES TAVARES
REBECA MIRANDA REIS
VITÓRIA LORENA FERREIRA VIANA
Acadêmicos do segundo período de Psicologia UNIVASF - 2018.1
GIOVANNA BARBOSA FERREIRA
LEILA KALINNY GOMES DE SOUZA
LILIANY JANUÁRIO GONDIM
MIRIAM VITÓRIA FERNANDES TAVARES
REBECA MIRANDA REIS
VITÓRIA LORENA FERREIRA VIANA
Acadêmicos do segundo período de Psicologia UNIVASF - 2018.1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :
AMATUZZI, M.M. Cap. IX Processos humanos. In: Amatuzzi, M.M. (2010). Por um Psicologia Humana p. 123-143.
BOGADO, C. MATTOS, ISABEL CLÍMACO; MATTOS, ISABEL CLÍMACO. A FENOMENOLOGIA DO SUJEITO ALCOOLISTA. 2011.
BARBOSA, Maísa. Um olhar clínico diante do alcoolista: a fenomenologia existencial e suas contribuições. Tocantins: Revista Sítio Novo. Vol. 1. 2017.
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