Ao
nascer, os bebês apresentam os ossos do crânio ainda maleáveis, não estando
completamente ligados uns aos outros. Essa flexibilidade é essencial pois
facilita a passagem da criança pelo canal do parto, além de garantir o espaço
que o cérebro precisa para se desenvolver, tanto durante o processo de gestação
como após o nascimento (nos dois primeiros anos de vida da criança). No momento
em que os ossos do crânio se fundem prematuramente não sobra espaço para que o
cérebro cresça, havendo comprometimento de suas estruturas. Quando ocorrem anormalidades
no crescimento do cérebro dentro da caixa craniana, e a cabeça e o cérebro da
criança passam a apresentar tamanhos menores do que o normal temos um quadro
denominado microcefalia.
A
microcefalia trata-se de uma condição neurológica rara caracterizada por uma
malformação congênita que provoca redução do perímetro cefálico e,
consequentemente, alterações no sistema nervoso central.
Algumas
crianças microcefálicas podem se desenvolver normalmente, mesmo com a
circunferência do crânio sendo menor do que o que se espera para crianças da
sua idade. No entanto, na maioria dos casos, os portadores de microcefalia apresentam
atraso no desenvolvimento neurológico, mental, psíquico e motor. Em geral é
comum que surjam complicações como déficit cognitivo grave, comprometimento
visual, auditivo e da fala, hiperatividade, baixo peso, baixa estatura e
convulsões (epilepsia). Todos esses problemas são ocasionados pelo fato do
cérebro não ter recebido espaço suficiente para se desenvolver, assim, várias
funções ficam comprometidas levando a essas e outras limitações, podendo a gravidade da condição variar de uma criança para outra. Fisicamente é
muito fácil identificar uma criança portadora, uma vez que elas apresentam cabeça
pequena, com o couro cabeludo solto e meio enrugado, testa curta e projetada
para trás, além de face e orelhas desproporcionalmente grandes.
QUAIS AS PRINCIPAIS CAUSAS DA
MICROCEFALIA?
Uma
série de fatores podem ser apontados como causadores da microcefalia:
desnutrição da genitora, abuso de drogas durante o período de gestação,
infecções adquiridas na gestação (rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, entre
outras). Há uma variedade de anormalidades e síndromes metabólicas e genéticas,
além de fatores ambientais, que podem afetar o desenvolvimento do cérebro e se
associar à doença.
Nos
últimos meses do ano de 2015, o Brasil registrou um aumento inesperado do
número de nascimentos de crianças microcefálicas. Inicialmente, Pernambuco
apresentou maior incidência, mas em seguida outros estados da região Nordeste,
assim como do Centro-Oeste e Sudeste, viram os números de casos crescer. Esse
crescimento repentino de nascimentos de microcefálicos despertou a atenção dos
órgãos ligados à saúde pública, que logo levantaram a hipótese de que esse
surto estaria relacionado a infecção pelo Zica vírus, uma doença febril transmitida
por meio da picada do mosquito Aedes Aegypti, o mesmo transmissor da dengue, da
febre Chikungunya e da febre amarela urbana. A suspeita decorria do fato de que
parte das mulheres que tiveram bebês com microcefalia apresentou manchas na
pele, febre e coceira no corpo durante a gravidez. No entanto, apesar desses
sintomas serem comuns na infecção por Zica vírus, não eram suficientes para
estabelecer a relação de causa e efeito com os novos casos da microcefalia. Somente
após o Instituto Evandro Chagas, importante centro de pesquisas de Belém do
Pará, identificar a presença do Zica vírus numa garota do Ceará que nasceu com
microcefalia e outras doenças congênitas, o Ministério da Saúde confirmou
oficialmente a relação entre a má-formação do cérebro, a infecção por esse
vírus e o surto de microcefalia que ocorreu em vários estados brasileiros.
Segundo estudos, a infecção congênita pelo vírus Zica pode provocar alterações cerebrais no bebê, principalmente no primeiro trimestre do processo de gestação. Pesquisadores da Universidade Federal do ABC, através de um artigo publicado na revista Molecular Neurobiology, constataram que a infecção pelo Zika prejudica a interação entre os neurônios e as células da glia, tida como fundamental para o desenvolvimento do córtex cerebral. Essas células podem ser divididas, de acordo com sua forma e função, em oligodendrócitos, astrócitos, células de Schwann, células ependimárias e micróglias. Segundo o professor Kihara, que conduziu a pesquisa: “Neurônios e células da glia precisam estar aderidos entre si para que a migração para o córtex ocorra. Nossa hipótese é que a alteração na expressão das conexinas torna o processo menos eficiente. E, de fato, há estudos mostrando que no cérebro de bebês expostos ao Zika durante a gestação há um número menor de neurônios no córtex”.
Segundo estudos, a infecção congênita pelo vírus Zica pode provocar alterações cerebrais no bebê, principalmente no primeiro trimestre do processo de gestação. Pesquisadores da Universidade Federal do ABC, através de um artigo publicado na revista Molecular Neurobiology, constataram que a infecção pelo Zika prejudica a interação entre os neurônios e as células da glia, tida como fundamental para o desenvolvimento do córtex cerebral. Essas células podem ser divididas, de acordo com sua forma e função, em oligodendrócitos, astrócitos, células de Schwann, células ependimárias e micróglias. Segundo o professor Kihara, que conduziu a pesquisa: “Neurônios e células da glia precisam estar aderidos entre si para que a migração para o córtex ocorra. Nossa hipótese é que a alteração na expressão das conexinas torna o processo menos eficiente. E, de fato, há estudos mostrando que no cérebro de bebês expostos ao Zika durante a gestação há um número menor de neurônios no córtex”.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
É
possível identificar se o bebê é portador da microcefalia antes mesmo do
nascimento. Durante a gestação exames pré-natais são fundamentais, uma vez que
pela ultrassonografia pode-se realizar uma avaliação do crânio da criança.
O
diagnóstico leva em conta a medida da circunferência da cabeça (perímetro
craniano) tento como referência os dados que constam das tabelas de crescimento
padrão para as crianças do mesmo sexo e idade. Os portadores do transtorno
apresentam perímetro craniano menor do que 33 cm ao nascer ou, então, menor do
que 42 cm ao completarem um ano e três meses e inferior a 45 cm depois dos dez
anos de idade.
Autores:
Barbara Rodrigues Caze
Caio César Fernandes de Santana Bandeira
Caio Ricardo Santos Almeida
Carina Oliveira Rios
Claudio Hummer Freitas de Queiroz
Larissa Kelly Fonseca de Carvalho
Lucas Sousa Matos Soares
Thaís Teixeira de Albuquerque
Referências:
DRAUZIO.
Microcefalia. Disponível em: <
https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/microcefalia/#share> Acesso em: 9
de março de 2019.
GARCIA,
Leila Posenato. Epidemia do vírus zika e
microcefalia no Brasil: emergência, evolução e enfrentamento. Disponível
em: <https://www.econstor.eu/bitstream/10419/177584/1/td_2368.pdf> Acesso em: 9
de março de 2019.
REIS,
Raquel Pitchon. Aumento dos casos de microcefalia no Brasil. Revista Médica de Minas Gerais. Minas
Gerais, n. 25, Dez, 2015.
TOLEDO, Karina. Zika prejudica migração de neurônios para o córtex, sugere estudo. Disponível em: <http://agencia.fapesp.br/zika-prejudica-migracao-de-neuronios-para-o-cortex-sugere-estudo-/25279/> Acesso em: 9 de março de 2019.
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