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  • domingo, 10 de março de 2019

    Leucemia e sua relação com o Sistema Nervoso Central


                               Leucemia e sua relação com o Sistema Nervoso Central






    INTRODUÇÃO

      A proposta deste texto é discorrer sobre a leucemia, mais especificamente, sobre a sua relação com o Sistema Nervoso Central. Serão abordados dois dos tipos existentes de leucemia, a Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e Leucemia Mieloide nos subtipos Crônica (LMC) e Aguda (LMA), elucidando como elas afetam o SNC, qual sua importância durante o tratamento oncológico e também para o prognóstico dos pacientes.

    DESENVOLVIMENTO

     As leucemias, no geral, são caracterizadas como uma doença em que há uma proliferação desordenada de células hematopoiéticas na medula óssea. Essas células anormais se sobrepõem ás células normais, e a partir daí se proliferam pelo organismo, podendo se infiltrar em órgãos e afetando-os.
     No caso da Leucemia Linfóide Aguda (LLA) há uma multiplicação de blastos, ou seja, células doentes, de origem linfoide. A célula afetada é o linfócito, que é um glóbulo branco relacionado com o sistema imunológico do organismo. A proliferação da LLA é muito rápida, por isso é chamada de aguda, necessitando assim de um tratamento bastante agressivo. O que difere a Leucemia Mieloide da Leucemia Linfóide é o tipo de célula afetada, que neste caso, é a mieloide, que normalmente se desenvolveria para formar alguns tipos de glóbulos brancos. É mais comum em pessoas acima de 65 anos, com o subtipo agudo progredindo também de forma acelerada.
     A Leucemia Mieloide Crônica (LMC) apresenta o mesmo tipo de célula afetada que a Mieloide Aguda, e também atinge pessoas de mais idade, porém é de baixa progressão. A sua causa está relacionada à uma translocação entre os cromossomos 9 e 22, sendo essa translocação chamada de Cromossomo Filadélfia.
      A principal característica das leucemias é a sua proliferação e infiltração pelo organismo, e essa é a forma em que o Sistema Nervoso Central (SNC) pode ser atingido. A incidência da infiltração no SNC é menor do que em outras áreas ou órgãos, como fígado ou baço, porém recebe maior importância, pois tem maior potencial de complicação do quadro clínico do paciente e também do prognóstico.
     Sendo a Leucemia uma doença que afeta células do sangue, a infiltração no SNC se dá exclusivamente por via hematogênica, chegando às meninges, que são membranas que revestem o cérebro com o objetivo de proteção, e chegando também ao líquido cefalorraquidiano, que banha todo SNC e a medula e tem função de nutrição e proteção.
     Por causa da infiltração de células leucêmicas no SNC, alguns sintomas podem aparecer. Os sintomas que mais se manifestam na LLA são dor de cabeça (cefaleia), náusea, vômito, sensação de pescoço rígido, distúrbios visuais, elevação da pressão intracraniana e também Papiledema, que é o inchaço do disco óptico, podendo durar de horas até semanas. Além disso, a infiltração pode também afetar os nervos cranianos. Um desses nervos que pode ser afetado é o VII par craniano, que é o nervo facial, responsável por controlar os músculos da expressão facial e da sensação gustativa de partes da língua. Ao atingir o nervo facial, a infiltração pode causar Paralisia Facial Periférica. Antunes et al.(2004) relataram um caso em que houve Paralisia Periférica Bilateral, decorrente da invasão de células leucêmicas no SNC.
     Em relação às manifestações da LMC e LMA no SNC, Silva et al. (2011) e Gabriel et al. (2007) relataram casos em que houve, em decorrência da infiltração leucêmica, acidente vascular encefálico (AVE) hemorrágico e perda súbita da audição. A explicação para o (AVE) hemorrágico pode ser a de que as células leucêmicas causaram danos na parede vascular. Já a surdez súbita pode estar relacionada à hemorragia do ouvido interno, também decorrente da infiltração leucêmica.
     Para diagnosticar a infiltração leucêmica no SNC, o papel do líquido cefalorraquidiano é muito importante. Nos casos em que houve infiltração, o líquor apresentava grandes índices de células leucêmicas. E a partir da presença dessas células, o tratamento deve ser mais intenso, com o uso da quimioterapia intratecal, que é a injeção de medicamentos diretamente no líquor, com o objetivo de acabarem com as células leucêmicas presentes no SNC.

    CONCLUSÃO

     A infiltração leucêmica no Sistema Nervoso Central deve ser vista com intensa preocupação durante o processo de tratamento, pois tal acontecimento tem grande potencial de agravar o quadro patológico do paciente e também de reduzir a chance de sobrevivência. Além disso, é importante que no decorrer do tratamento sejam realizadas ações profiláticas contra a infiltração leucêmica no SNC.

    REFERÊNCIAS:


    ANTUNES, Marcos L. et al. Paralisia facial periférica bilateral na leucemia linfóide aguda: relato de caso. Rev. Bras. Otorrinolaringol.  São Paulo ,  v. 70, n. 2, p. 261-264,  Apr.  2004 .  Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992004000200018&lng=en&nrm=iso>. access on  08  Mar.  2019.  http://dx.doi.org/10.1590/S0034-72992004000200018.

    SILVA, R. D. P. et al. Acidente vascular encefálico hemorrágico em adulto jovem jovem como apresentação inicial de leucemia mielomonocítica. Relato de caso. Rev. Bras. Clin. Med. São Paulo, 2011 mar-abr;9(2):157-60, Mar. 2019. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2011/v9n2/a1824.pdf>

    GABRIEL, Sthefano Atique et al. Perda súbita da audição e infiltração neoplásica de sistema nervoso central como complicações da leucemia mielóide crônica. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, [S.l.], v. 9, n. 2, p. 15-18, jul. 2007. ISSN 1984-4840. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/RFCMS/article/view/388>. Acesso em: 08 mar. 2019.

    PEREIRA, C. J.; CASTRO, F. S. Infiltração de células leucêmicas no sistema nervoso central (SNC): Uma revisão bibliográfica. Disponível em: <http://seer.pucgoias.edu.br/files/journals/3/articles/3152/submission/review/3152-9308-1-RV.doc>


    INTEGRANTES:

    Alcina Gonçalves dos Santos
    Itamar Ferreira de Sousa
    Luana Dantas de Freitas
    Maria das Graças Pereira Pacheco
    Maria de Fátima Souza
    Natan Damasceno Sudário
    Thaís Macêda dos Santos
    Igor Fellipe da Silva Aguiar

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