• Nó Górdio 2
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  • domingo, 10 de março de 2019

    A abordagem sobre suicídio na infância sob a ótica da Psicogenética

    A abordagem sobre suicídio na infância sob a ótica da Psicogenética


    O suicídio e a morte são fenômenos que ainda são tratados como um tabu por boa parte da sociedade. É importante compreender esses elementos que são corriqueiros na mesma, principalmente na sociedade ocidental. Segundo Scavacini(2014), perder um ente querido pode gerar uma dor imensa, fazendo com que a criança, nesse caso, possa ter cicatrizes que a gente não vê. São cicatrizes que a gente só consegue sentir. Partindo desse ponto, uma abordagem acerca deste fenômeno pode ajudar na compreensão e ressignificação da morte por parte das crianças e jovens, visto que encarar o problema de frente é melhor do que simplesmente tentar negar as cicatrizes geradas pela morte de alguém querido que se suicidou.
    Dentro do aspecto do desenvolvimento infantil, Piaget(1923) deixou claro que ele é muito mais complexo do que se imaginava e ainda se imagina, visto que a criança é um ser extremamente complexo e mutável. Tendo em vista que o infanto está em constante desenvolvimento, é necessário que se tenha cuidado para tratar de um tema tão pesado como o suicídio, pois se o assunto for tratado de forma negligente ou errada, o fato pode desencadear uma série de barreiras para o desenvolvimento cognitivo da mesma. Para Wallon(1984), era essencial o entendimento dos aspectos principais que poderiam afetar diretamente ou indiretamente a compreensão e o desenvolvimento do psiquismo humano. Sendo o suicídio um aspecto corriqueiro da nossa sociedade, pode ser inferido que a educação é essencial para a compreensão e o desenvolvimento da criança, visto que se ela não for educada corretamente para lidar com este fato, pode ser que ela tenha traumas no futuro.
    Para Shaffer & Piacentini(1994), O desejo de morte pode variar, mas sofre sempre a influência de pressões e estressores ambientais, o que acentua a importância da necessidade de atenção para a existência de possíveis fatores de risco cognitivos para uma primeira tentativa ou para uma recorrência do comportamento suicida. Tendo em vista que o suicídio ainda é tratado como tabu e levando em conta os estágios do desenvolvimento infantil presentes na teoria psicogenética de Piaget, o suicídio poderia ser tratado de formas diferentes ao longo deste processo, visto que a criança tem diferentes níveis de percepção da realidade nos diferentes estágios de seu desenvolvimento. Scavacini(2014), por exemplo, traz em seu livro uma linguagem simples, confortável e de fácil compreensão pras crianças menores. A reflexão e compreensão de aspectos relacionados ao suicídio podem dar uma visão mais completa sobre o assunto. Esses aspectos podem variar de caso pra caso mas, em geral, segundo Kuczynski(2014), alguns deles são: depressão, desesperança, impulsividade e dificuldades no relacionamento interpessoal. Abordando esses aspectos de uma forma adaptada a cada nível do desenvolvimento infantil, a taxa de suicídio entre jovens e adultos poderia diminuir, visto que quando o assunto é tratado de uma forma inconsequente, atitudes inconsequentes também podem acontecer. É importante que a base familiar esteja aberta ao diálogo sempre, pois, segundo Kuczynski(2014), a censura e julgamentos precipitados podem atrapalhar o diálogo e a evolução satisfatória da compreensão do fenômeno. Tendo essa evolução embarreirada, o infanto pode se tornar cada vez mais recluso e obter visões erradas sobre esse tema, visto que o suicídio pode ser visto de uma forma romantizada caso não seja abordado de uma forma coerente e certa.
    Além do que foi visto anteriormente, por não trabalharem a compreensão deste tema ao longo dos estágios do desenvolvimento infantil, a criança pode se tornar um adulto com tendências suicidas e influenciável por certas produções culturais. Um dos aspectos que se dá para a compreensão desse fenômeno é a falta de diálogo e informação por parte de educadores e familiares. Segundo uma reportagem do Jornal Estadão publicada em 2017, um jovem do Peru se suicidou após ver a série ‘’13 Reasons Why’’, tendo romantizado a sua morte por conta das muitas semelhanças com o suicídio da jovem que é retratada na série.
    O diálogo sobre o suicídio na infância é de extrema importância para o desenvolvimento da criança, visto que ela pode internalizar valores produtivos acerca do tema, ajudando-a a lidar melhor com este tema no presente e no futuro. Tendo informações corretas e reflexivas acerca do suicídio, a criança pode adquirir uma maturidade emocional que ainda não é muito vista na sociedade atual, pois este tema ainda é tratado como um tabu 

    Integrantes
    Artur Gabriel Gomes de Moraes
    José Luis Amorim
    Leonardo Luis Dias Rocha
    Matheus de Sousa Cysneiros
    Mayriane Santos Silva
    Nilo Antunes Teixeira Júnior
    Silvio Gabriel Linhares Guimarães

    Acadêmicos do segundo período de Psicologia - UNIVASF 2018.1

    Referências bibliográficas
    • SHAFFER, D.;FISHER, P. (1981). The epidemiology of suicide in children and young adolescents. Journal of the American Academy Child Adolescent Psychiatry, 20, 545-565.
    • KUCZYNSKI, E. Suicídio na infância e adolescência. Psicol. USP, São Paulo , v. 25, n. 3, p. 246-252, dez. 2014. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642014000300246&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 10 mar. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/0103-6564D20140005.
    • https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,no-peru-jovem-imita-13-reasons-why-e-deixa-gravacoes-apos-se-suicidar,70001834634
    • SCAVACINI, K.. E agora? Um livro para crianças lidando com o luto por suicídio. 1ª edição. São Paulo: All Print Editora, 2014.
    • WALLON, H. A Criança Turbulenta- Estudo sobre os retardamentos e anomalias. Vozes, 1984.
    • TAILLE,Y.; OLIVEIRA, M.; DANTAS, H..Piaget ; Vygotsky ; Wallon : Teorias Psicogenéticas em Discussão. 27ª edição, 1993.

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