Muito se
tem comentado, hoje em dia, de como a depressão é o mal do século. Devido sua
incidência em todo o mundo, ela vem sendo estudada, pesquisada, e cada vez
mais, debatida. Estudos apontam que ao passar dos anos, esta incidência de
pessoas acometidas com esse mal tende a aumentar mais. Dentro dessa doença há
um estado chamado de solidão, o qual se faz muito presente nas pessoas
acometidas com a depressão. Mas, antes de iniciarmos a evidência deste estado,
vamos melhor compreender do que se trada tal estado.
A solidão,
em livre significado, é
referida a ‘só’, termo que, por sua vez pode significar tanto ‘desacompanhado’
e ‘solitário’ como ‘único’. A solidão pode ser analisada, por um lado, por meio
da dor e do sofrimento oriundos da perda. Por outro, como pela capacidade de
estar só na ausência do outro. Comumente apontada como uma das principais
características presentes na depressão, a solidão, de modo geral, pode vir
conceituada em dois estágios: a) o fato de estar sozinho, literalmente; sem a
presença ninguém ao seu redor; só completamente e b) estar rodeada de pessoas
mas ainda assim encontra-se sozinha. Este último conceito é o mais comum em
pessoas acometidas com a depressão. Pois, ainda estando na presença de amigos,
trabalhando numa sala lotada, tendo diversos afazeres que envolvam diretamente
pessoas, esta ainda sente-se solitária. Em termos psicológicos, a solidão pode
caracterizar-se como a ausência afetiva do outro e estar relacionada com a
questão sentimental do sujeito: estar só.
Mas, como o cenário secular em que
vivemos pode contribuir e/ou afetar nos sentimentos e nas manifestações
psicológicas do outro em relação ao seu bem-estar de convívio e ao que
caracteriza a solidão do indivíduo? Bem, entender essa ‘’nova era’’ a qual nos
encontramos, diante de avanços tecnológicos, de máquinas substituindo mãos e da
expansão dos meios de comunicação é buscar a compreensão do que, hoje, podemos
identificar o que é a solidão do sujeito. Não parece contraditório que na sociedade contemporânea da
hiperconexão e das redes sociais, uma a cada quatro pessoas se sinta sozinha?
Então a solidão seria uma causa ou consequência da depressão no mundo
contemporâneo?
O estilo de vida consumista e
individualista de hoje, faz com que a comunicação entre pessoas esteja
comprometida. Estamos ocupados no nosso mundo tecnológico e deixamos de lado a
via oral e real. O exercício de escutar e ver o outro se tornou uma tarefa
esquecida pelas pessoas do século XXI. Ao mesmo tempo em que, por um milésimo
tecnológico de segundo, estamos mais pertos de pessoas há mais de 12.000km, nos
distanciamos até daqueles que moram conosco e necessitam ser ouvidos. É disso
que chamaremos de ‘’nova era’’. A solidão tornou-se, na atualidade, um dos mais
graves problemas que desafiam por completo o homem e sua cultura. A tecnologia
presente e crescente produz cada vez mais, homens solitários, estando na mesma
via de mão do crescimento exacerbado da solidão. É disso que, também, chamamos
de ‘’a era de um completo vazio’’.
O problema da depressão, hoje em dia,
é conceituada pela forma que caracteriza a cultura contemporânea. Aqui, o self individualizado tende a
potencializar estados internos de emoções, incluindo as angústias resultantes
do leque de eventos dolorosos da vida. Ao indagar que passaria o carnaval em
casa, sozinho pois não queria barulho, uma conhecida imediatamente abriu bem
olhos e num estado de choque soltou: ‘’ SOZINHO?!?!’’. A sociedade
contemporânea, de fato, não ensinou ao individuo, sentir-se bem em sua
companhia e usufruir desta coisa tão cara, tratando a solidão, sempre, como uma
patologia inaceitável, pois é uma condição mal
compreendida e estigmatizada.
A solidão
associada à depressão tem significado ambíguo: tanto é causa como conseqüência;
tanto é sintoma como é origem, fazendo parte da etiologia; tanto a solidão
apresenta caráter ontológico como significa isolamento. Temo que a rapidez e o
largo progresso do mundo contemporâneo possa, ainda mais, comprometer a saúde
mental dos indivíduos que habitam este planeta. Temo pela grande incidência e
prevalência dos casos de solidão no mundo, resultados também da falta de um
exercício fenomenológico dos sujeitos. Temo, mesmo progredindo, estejamos
regredindo ao contato pessoal, ao afeto, ao olho no olho e ao cuidado que
tínhamos, antes da sociedade se envaidecer e dar mais valor a likes do que a
abraços.
Integrantes
Ana Laura
Camila Santos
João Vitor Damascena
José Nilton
Rubens Henrique
Maurício Otávio
Mário Márcio
Acadêmicos do segundo período de Psicologia UNIVASF - 2018.1
Referências Bibliográficas
MOREIRA, Virgínia. (submetido para publicação). Critical
phenomenology of depression in Brazil, Chile and the United States. Transcultural Psychiatry.
JORGE, Maria Tereza. Será o ensino escolar supérfluo no mundo das novas
tecnologias? Educ. Soc, São Paulo, v. XIX, n. 65, p. 163-178, dez. 1998.
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