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  • domingo, 10 de março de 2019

    DEPRESSÃO E NEUROANATOMIA


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    - Aspectos neuropsicológicos da depressão:
    A depressão se caracterizaria como um transtorno mental de humor. Atualmente tem-se a estimativa de que quase metade dos pacientes deprimidos não se recuperam totalmente, ou seja, o transtorno mostra-se na sua forma crônica. Os estudos neuroanatômicos estão se atendo em algumas regiões anatômicas onde se tem um conhecimento maior de achados e relações com as formas com que o transtorno se mostra; É importante salientar que não existe uma forma pronta para a maior parte dos transtornos. Ademais, uma outra questão seria a comprovação e qualificação de eventuais modificações neurofuncionais que estariam presentes durante um quadro depressivo. Alterações permanentes presentes antes e após o encaminhamento dos quadros agudos se estabeleceram num traço ou vulnerabilidade para a desordem.

    - Aspectos da neurobiologia da depressão:
    As áreas cerebrais relacionadas com a depressão mais estudadas são: as áreas frontais e suas conexões, bem como as áreas temporais.

    ÁREA FRONTAL:
    Transformações na área frontal ocasionariam mudanças clínicas relacionadas à atenção, cognição, capacidade de execução e tomada de decisão em pacientes depressivos. A área frontal e estriatal também possui grande função na modulação das estruturas límbicas e do tronco encefálico, que estão anatomicamente envolvidos no comportamento das emoções. Com uso de ressonância magnética, foram vistas mudanças no córtex orbital bilateral em pacientes deprimidos idosos, além de diminuir o fluxo sanguíneo e o metabolismo no córtex pré-frontal em depressões uni- e bipolares. Com isso haveria uma diminuição no funcionamento metabólico do córtex pré-frontal, a qual estaria relacionada a uma mudança anatômica, com a redução do seu tamanho. Além disso, a região subgenual pré-frontal cortical foi observada em pacientes com depressão e foi visto que nesses pacientes há uma queda no trabalho desta área quando o humor voltou a se estabilizar; No entanto, essa área teria seu volume diminuído nesses pacientes, tornando-se hiperfuncionante nas fases depressivas e voltando a um funcionamento basal quando o humor volta ao normal. Portanto, o que poderia ocorrer em pacientes deprimidos seria uma hiperatividade associativa quando veem a ter pensamentos negativos.



    Alterações nas principais conexões:
    Na depressão todas as conexões neurais comprometidas no processamento das informações e manutenção da proatividade do depressivo se anulariam em favor de sistemas envolvidos no processamento interno responsável por gerar informações, como pensamento e emoções. Em revisão feita sobre aspectos anatômicos na depressão, mostra mudança na substância branca subcortical, especialmente na área periventricular, gânglios da base e tálamo, essas alterações parecem retratar efeitos neurodegenerativos deletérios de episódios recorrentes de humor. Alargamento ventricular, atrofia cortical e acentuação dos sulcos também foram apresentados em pacientes depressivos. Até, redução do fluxo sanguíneo e do metabolismo em tratos dopaminérgicos do sistema mesocortical e mesolímbico na depressão. Além disso, são apresentadas alterações funcionais do sistema frontoestriatal, redução do fluxo sangüíneo e metabolismo em gânglios da base em deprimidos uni- e bipolares. Em pacientes unipolares, observam queda taxa de substância branca aumenta, em especial na área periventricular, e nos pacientes unipolares há uma redução dos núcleos caudato e putâmen. Da mesma forma a amígdala está intimamente relacionada ao aprendizado emocional. O núcleo central da amígdala parece ser de grande importância para a relação entre emoção e comportamento. Também na depressão, há uma redução global do metabolismo cerebral anterior e um aumento do metabolismo de glicose em várias regiões límbicas, com ênfase na amígdala. Durante o quadro depressivo, o aumento do metabolismo de glicose estaria relacionado com ruminações intrusivas. Este hipermetabolismo amigdaliano serviria como um amplificador emocional que ajudaria a distorcer os sinais de estressores relativamente menores em pessoas vulneráveis.

    Córtex Temporal:
    As mudanças nas áreas temporais aparecem tanto nas depressões unipolares quanto bipolares, em grande parte pela correlação entre a depressão e a mudança na regulação do eixo hipotálamo-hipófiseadrenal, levando a efeitos divergentes de hormônios do estresse sobre o hipocampo e a amígdala, regiões amplamente relacionadas com a área pré-frontal.


    Atenção:
    Alguns desequilíbrios neuroanatômicos irão continuar mesmo com a melhora do quadro e sugerem o prosseguimento de algumas alterações cognitivas domínio-específicas, bem como da disfunção cerebral regional.



    MEMÓRIA:
    A disfunção que ocorre na memória estaria ligada a um desajuste do eixo hipotálamohipófise-adrenal, levando a várias consequências negativas dos hormônios do estresse sobre o hipocampo.
    - alterações nas fases do processo de memorização:

    Memória de curto prazo: Pacientes deprimidos queixam-se de baixa concentração e de dificuldade de memorizar, padrão este diferente dos pacientes que apresentam alterações primárias do processo de fixação da memória. Porém, a maioria dos estudos não demonstra alteração da memória de curto prazo em deprimidos
    Memória de longo prazo: A maioria dos estudos encontra evidências de comprometimento da evocação e reconhecimento tanto de material verbal quanto não-verbal.
    Evocação: É descrito que pacientes deprimidos teriam maior seletividade na evocação de material negativo. Contudo deprimidos têm prejuízo da evocação de material cujo processamento é “desgastante”, como resultado de reduzida capacidade em perfazer essas operações, mas não por uma diminuição na quantidade de material lembrado, visto em tarefas dependentes de processamentos mais automáticos.

    Emoção e tomada de decisão: Em pessoas normais, a emoção facilita o processo de tomada de decisão, guiando a cognição. Levando em consideração que estes geralmente têm dificuldades em tomar decisões. Assim pacientes deprimidos são mais lentos no processo de deliberação e, quando solicitados a “dar a cara a tapa” em suas decisões (para avaliar o quanto estão seguros das mesmas), usam estratégias alteradas, com menos confiança e muitas vezes falhas.

     Neurotransmissores e depressão: Na depressão ocorre uma redução da quantidade de neurotransmissores liberados a exemplo da serotonina e a endorfina, porém, a enzima e a bomba de recaptação continuam trabalhando normalmente. Então um neurônio receptor captura menos neurotransmissores e o sistema nervoso funciona com menos neurotransmissores do que normalmente seria preciso. Para o tratamento da depressão são rotineiramente usados antidepressivos, que têm por objetivo inibir a recaptação dos neurotransmissores e manter um nível elevado dos mesmos na fenda sináptica. Havendo isso todo o humor se reestrutura e logo o doente se sente melhor.


    Referências Bibliográficas

    ROZENTHAL, M. LAKS, J. ENGELHARDT, E. Aspectos Neuropsicológicos da depressão.  R. Psiquiatr. RS, P. 204-212, mai./ago. 2004. Acesso em: 06 de Mar. de 2019.


    PORTO, Patrícia; HERMOLIN, Marcia; VENTURA, Paula. Alterações neuropsicológicas associadas à depressão. Rev. bras. ter. comport. cogn.,  São Paulo ,  v. 4, n. 1, p. 63-70, jun.  2002 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452002000100007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  06  mar.  2019.




    Integrantes
    Ana Laura
    Camila Santos
    João Vitor Damascena
    José Nilton
    Rubens Henrique
    Maurício Otávio
    Mário Márcio


                       Acadêmicos do segundo período de Psicologia UNIVASF - 2018.1 

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