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Aspectos neuropsicológicos da depressão:
A
depressão se caracterizaria como um transtorno mental de humor. Atualmente
tem-se a estimativa de que quase metade dos pacientes deprimidos não se
recuperam totalmente, ou seja, o transtorno mostra-se na sua forma crônica. Os
estudos neuroanatômicos estão se atendo em algumas regiões anatômicas onde se
tem um conhecimento maior de achados e relações com as formas com que o
transtorno se mostra; É importante salientar que não existe uma forma pronta para
a maior parte dos transtornos. Ademais, uma outra questão seria a comprovação e
qualificação de eventuais modificações neurofuncionais que estariam presentes
durante um quadro depressivo. Alterações permanentes presentes antes e após o
encaminhamento dos quadros agudos se estabeleceram num traço ou vulnerabilidade
para a desordem.
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Aspectos da neurobiologia da depressão:
As áreas cerebrais
relacionadas com a depressão mais estudadas são: as áreas frontais e suas
conexões, bem como as áreas temporais.
ÁREA
FRONTAL:
Transformações
na área frontal ocasionariam mudanças clínicas relacionadas à atenção, cognição,
capacidade de execução e tomada de decisão em pacientes depressivos. A área
frontal e estriatal também possui grande função na modulação das estruturas
límbicas e do tronco encefálico, que estão anatomicamente envolvidos no
comportamento das emoções. Com uso de ressonância magnética, foram vistas
mudanças no córtex orbital bilateral em pacientes deprimidos idosos, além de
diminuir o fluxo sanguíneo e o metabolismo no córtex pré-frontal em depressões
uni- e bipolares. Com isso haveria uma diminuição no funcionamento metabólico
do córtex pré-frontal, a qual estaria relacionada a uma mudança anatômica, com
a redução do seu tamanho. Além disso, a região subgenual pré-frontal cortical
foi observada em pacientes com depressão e foi visto que nesses pacientes há
uma queda no trabalho desta área quando o humor voltou a se estabilizar; No
entanto, essa área teria seu volume diminuído nesses pacientes, tornando-se
hiperfuncionante nas fases depressivas e voltando a um funcionamento basal
quando o humor volta ao normal. Portanto, o que poderia ocorrer em pacientes
deprimidos seria uma hiperatividade associativa quando veem a ter pensamentos
negativos.
Alterações nas principais conexões:
Na
depressão todas as conexões neurais comprometidas no processamento das
informações e manutenção da proatividade do depressivo se anulariam em favor de
sistemas envolvidos no processamento interno responsável por gerar informações,
como pensamento e emoções. Em revisão feita sobre aspectos anatômicos na
depressão, mostra mudança na substância branca subcortical, especialmente na
área periventricular, gânglios da base e tálamo, essas alterações parecem retratar
efeitos neurodegenerativos deletérios de episódios recorrentes de humor.
Alargamento ventricular, atrofia cortical e acentuação dos sulcos também foram apresentados
em pacientes depressivos. Até, redução do fluxo sanguíneo e do metabolismo em
tratos dopaminérgicos do sistema mesocortical e mesolímbico na depressão. Além
disso, são apresentadas alterações funcionais do sistema frontoestriatal,
redução do fluxo sangüíneo e metabolismo em gânglios da base em deprimidos uni-
e bipolares. Em pacientes unipolares, observam queda taxa de substância branca
aumenta, em especial na área periventricular, e nos pacientes unipolares há uma
redução dos núcleos caudato e putâmen. Da mesma forma a amígdala está
intimamente relacionada ao aprendizado emocional. O núcleo central da amígdala
parece ser de grande importância para a relação entre emoção e comportamento.
Também na depressão, há uma redução global do metabolismo cerebral anterior e
um aumento do metabolismo de glicose em várias regiões límbicas, com ênfase na
amígdala. Durante o quadro depressivo, o aumento do metabolismo de glicose
estaria relacionado com ruminações intrusivas. Este hipermetabolismo
amigdaliano serviria como um amplificador emocional que ajudaria a distorcer os
sinais de estressores relativamente menores em pessoas vulneráveis.
Córtex Temporal:
As mudanças
nas áreas temporais aparecem tanto nas depressões unipolares quanto bipolares,
em grande parte pela correlação entre a depressão e a mudança na regulação do
eixo hipotálamo-hipófiseadrenal, levando a efeitos divergentes de hormônios do
estresse sobre o hipocampo e a amígdala, regiões amplamente relacionadas com a
área pré-frontal.
Atenção:
Alguns
desequilíbrios neuroanatômicos irão continuar mesmo com a melhora do quadro e
sugerem o prosseguimento de algumas alterações cognitivas domínio-específicas,
bem como da disfunção cerebral regional.
MEMÓRIA:
A
disfunção que ocorre na memória estaria ligada a um desajuste do eixo
hipotálamohipófise-adrenal, levando a várias consequências negativas dos hormônios
do estresse sobre o hipocampo.
- alterações nas fases do
processo de memorização:
Memória de curto prazo:
Pacientes deprimidos queixam-se de baixa concentração e de dificuldade de
memorizar, padrão este diferente dos pacientes que apresentam alterações
primárias do processo de fixação da memória. Porém, a maioria dos estudos não
demonstra alteração da memória de curto prazo em deprimidos
Memória de longo prazo: A
maioria dos estudos encontra evidências de comprometimento da evocação e
reconhecimento tanto de material verbal quanto não-verbal.
Evocação: É
descrito que pacientes deprimidos teriam maior seletividade na evocação de
material negativo. Contudo deprimidos têm prejuízo da evocação de material cujo
processamento é “desgastante”, como resultado de reduzida capacidade em
perfazer essas operações, mas não por uma diminuição na quantidade de material
lembrado, visto em tarefas dependentes de processamentos mais automáticos.
Emoção e tomada de decisão: Em
pessoas normais, a emoção facilita o processo de tomada de decisão, guiando a
cognição. Levando em consideração que estes geralmente têm dificuldades em
tomar decisões. Assim pacientes deprimidos são mais lentos no processo de
deliberação e, quando solicitados a “dar a cara a tapa” em suas decisões (para
avaliar o quanto estão seguros das mesmas), usam estratégias alteradas, com
menos confiança e muitas vezes falhas.
Neurotransmissores
e depressão: Na depressão ocorre uma redução da
quantidade de neurotransmissores liberados a exemplo da serotonina e a
endorfina, porém, a enzima e a bomba de recaptação continuam trabalhando
normalmente. Então um neurônio receptor captura menos neurotransmissores e o
sistema nervoso funciona com menos neurotransmissores do que normalmente seria
preciso. Para o tratamento da depressão são rotineiramente usados antidepressivos,
que têm por objetivo inibir a recaptação dos neurotransmissores e manter um
nível elevado dos mesmos na fenda sináptica. Havendo isso todo o humor se
reestrutura e logo o doente se sente melhor.
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
ROZENTHAL, M. LAKS, J. ENGELHARDT, E. Aspectos Neuropsicológicos da depressão. R. Psiquiatr. RS, P. 204-212, mai./ago. 2004. Acesso em: 06 de Mar. de 2019.
PORTO, Patrícia; HERMOLIN, Marcia; VENTURA, Paula. Alterações neuropsicológicas associadas à depressão. Rev. bras. ter. comport. cogn., São Paulo , v. 4, n. 1, p. 63-70, jun. 2002 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/ scielo.php?script=sci_arttext& pid=S1517-55452002000100007& lng=pt&nrm=iso>. acessos em 06 mar. 2019.
Integrantes
Ana Laura
Camila Santos
João Vitor Damascena
José Nilton
Rubens Henrique
Maurício Otávio
Mário Márcio
Acadêmicos do segundo período de Psicologia UNIVASF - 2018.1
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