• Nó Górdio 2
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  • sábado, 16 de março de 2019

    A criança com leucemia e o seu âmbito familiar sob a ótica Psicossocial





    “Sem chão”. Esse é o sentimento frequentemente experimentado e expressado pelas pessoas no momento em que são diagnosticadas com algum tipo de câncer. Após o choque inicial, é hora de se preparar para uma gama de mudanças que virão a partir daquele momento. Mudanças físicas, emocionais e sociais que não se restringem apenas o paciente em si, mas também envolvem as pessoas que estão a sua volta, principalmente os mais íntimos. Se para um adulto enfrentar o câncer já é muito difícil, para a criança tende a ser ainda mais doloroso e perturbador. Pacientes e familiares passam a conviver com incertezas, limitações na compreensão do diagnostico, inquietação quanto ao futuro e desenvolvimento da criança, ansiedade, estresse e angustia.
    Vamos no ater aqui especificamente a leucemia que está entre um dos tipos de câncer mais recorrentes na fase infantil, analisando brevemente os impactos vivenciados sob o ponto de vista psicossocial. Primeiramente é importante atentar-se para a dificuldade de inserção ou reinserção escolar da criança após o diagnostico. Os familiares muitas vezes temem a integridade física e emocional da mesma frente aos seus colegas, e não raramente optam por mantê-la em casa.  Muitas vezes há recomendação medica para tal, justificada pela deficiência imunológica da criança, condição comum nesse contexto. Importante observar que a privação do mundo escolar repercute não só no desenvolvimento cognitivo da criança, mas também na interação social da mesma. Para wallon— psicólogo e médico Francês — o processo de evolução infantil não depende apenas da sua capacidade biológica, mas também do ambiente o qual está inserido. Isto é, o equipamento orgânico existe, mas precisa ser estimulado pelo meio, para que através dessa interação desenvolvam-se as respectivas potencialidades. Nesse sentido observa-se um inegável prejuízo no convívio dessa criança. Ela estará privada da realização de varias atividades e prazeres da infância.
    Referente aos impactos infrafamiliar é importante abordar a necessidade proeminente de que se tenha um cuidador principal - vamos assim chamar— para essa criança, já que a mesma necessita de cuidados especiais e diários. Esse papel, via de regra é desenvolvido pela mãe que freqüentemente abdica do seu trabalho e da sua vida social para exercer tal função. Esse movimento geralmente provoca queda no rendimento mensal familiar em um momento que as despesas costumam expandir em virtude de compras regulares de medicações, deslocamentos a hospitais, entre outros fatores. A família pode vir a enfrentar situações financeiras e emocionais delicadas corroborando para possíveis desentendimentos e conflitos internos. Não esporadicamente encontram-se casos em que a atenção e preocupação— dos pais, por exemplo— encontra-se altamente concentrada naquela criança com câncer, alterando a disponibilidade de atenção e tempo para outros filhos ou membros da família que podem sentir-se em situação de desamparo e deslocação.
    Outro aspecto importante diz respeito à autoestima desse ser adoecido. A sua aparência modificada rapidamente é determinante para que surjam sentimentos de ansiedade e insegurança. O paciente passa a lidar com olhares curiosos e desinformados da população, assim como vivenciar situações de desconforto em virtude das suas características físicas, como permanecer sem cabelos por um período. Essas condições aliadas a fatores estressores a qual a criança já está submetida tendem a gerar sentimentos de angustia e inferioridade, abalando intensamente a maneira como a criança desenvolve a sua autoimagem e o seu autoconceito, isto é, a percepção que a criança tem de si mesma no meio em que ela se encontra.
    Para mais, as crianças portadoras de leucemia necessitam de internações constantes e longas, que impossibilitam a convivência e o conforto do seu próprio lar. Nesse momento, surgem sentimentos de medo, tanto da dor— da doença em si ou dos procedimentos— quanto da separação com os pais, devido seu estado de vulnerabilidade física e emocional. É importante ressaltar a importância do apoio familiar e da equipe medica no que se refere à diminuição do sentimento de desamparo experimentado pela criança, as equipes multidisciplinares são indispensáveis ao longo do processo, disponibilizando suporte ao paciente e sua família.
                                                                                    


     INTEGRANTES:

    Alcina Gonçalves dos Santos
    Igor Fellipe da Silva Aguiar
    Itamar Ferreira de Sousa
    Luana Dantas de Freitas
    Maria das Graças Pereira Pacheco
    Maria de Fátima Souza
    Natan Damasceno Sudário
    Thaís Macêda dos Santos





    Referencias
    Santos, Daniella Patarello dos. Repercussões do câncer infantil na vida da criança e nos subsistemas familiares: revisão integrativa de literatura. Tese (trabalho de conclusão de curso. Graduação em enfermagem) — universidade de Brasília. Brasília. 2016.
    Wallon, Henri. Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia comparada. 1° Ed. Petrópolis, RJ. Vozes. 2008.
    Marques, Goreti. A família da criança com câncer: necessidades sócio-econômicas. Revista gaúcha de enfermagem. 2017; 38(4): 2016-0078. http//dx.doi.org/10.1590/1983-1447.2017.04.2016-0078. 

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