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  • quinta-feira, 14 de março de 2019

    Consequenciais no desenvolvimento infantil advindos da hospitalização continuada da criança com Leucemia


       A permanência da criança no hospital por muito tempo pode acabar fazendo com que ela venha a esquecer de usar algumas habilidades cognitivas na resolução de problemas, apresentando algumas dificuldades de aprendizagem. Isso acontece por conta do bombardeio de medicamentos e a retirada ou ausência de desafios cognitivos, que podem provocar regressão de várias áreas do Sistema Nervoso Central (SNC), como a memoria, a atenção e a coordenação motora fina, o que resulta em défices de aprendizagem.

       Quando a criança é hospitalizada, ela acaba se deparando com aquele novo ambiente com paredes e roupas brancas, tirando a cor do seu mundo e trazendo também uma separação do convívio mais íntimo com os pais e demais familiares, que interfere diretamente na estrutura do desenvolvimento biopsicossocial, sucedido pelo bloqueio no processo de expansão intelectual, afetiva e da personalidade.

       No hospital as pessoas recebem o nome de “paciente”, são identificados por números e prontuários, utilizam uniformes e recebem atendimento de diversos profissionais de saúde. A criança encontra-se assustada com as mudanças que ocorrem a partir da sua inserção nesse ambiente, em virtude das regras estabelecidas pela instituição e da manipulação em seu corpo, realizada pelos profissionais do setor.

       As crianças hospitalizadas por período superior a cinco dias apresentam tendência para desenvolver transtornos psicológicos, dependendo das experiências anteriores de internação, do quadro clinico, do tipo de vinculo estabelecido com a família e da idade.

       Essas ocorrências, associadas às sensações de fraqueza representam para a criança uma ameaça a sua condição humana, e os procedimentos da equipe de saúde provocam medo e são considerados dolorosos, devido ao controle e forma de avaliação. Assim, as relações da criança no período de internação propiciam o desenvolvimento de quadros ansiosos, decorrentes da separação da família, do surgimento da patologia e da admissão no ambiente hospitalar. Dessa forma, é preciso refletir sobre quais estratégias podem ser utilizadas para minimizar o impacto proveniente do processo de hospitalização.

       A criança hospitalizada com câncer necessita de uma equipe multiprofissional e de um espaço para expressar suas emoções, visando compreender a sua vivencia por meio das atividades lúdicas que auxiliem a promoção da saúde integral. Nesse contexto, a utilização do brincar no hospital promove uma ação terapêutica, além de auxiliar na atenção integral as necessidades da criança.

       Os estudos acerca do brincar apontam a importância desse recurso para estimular as funções cognitivas e desenvolver habilidades nas crianças, por considerar que a atividade lúdica não se resume a entretenimento e diversão.

       No mesmo sentido, Vygotsky estabelece correlações entre brincar, desenvolvimento e aprendizagem, evidenciando que as atividades lúdicas permitem recriar as experiências com a imaginação, facilitar a interação social, estabelecer significados acerca das ações no mundo e criar a noção de regras. As teorias da psicologia do desenvolvimento valorizam o brincar e atribuem importância para as etapas relacionadas à aprendizagem de novos papeis sociais, e, no contexto de hospitalização, isso permite que a criança perceba as possibilidades de enfrentamento e desenvolva comportamentos adaptativos.


    INTEGRANTES:
    Alcina Gonçalves dos Santos
    Igor Fellipe da Silva Aguiar

    Itamar Ferreira de Sousa

    Luana Dantas de Freitas
    Maria das Graças Pereira Pacheco
    Maria de Fátima Souza
    Natan Damasceno Sudário
    Thaís Macêda dos Santos


       Referencias:

    MUNHÓZ, Maria. ORTIZ, Leodi. Um estudo da aprendizagem e desenvolvimento de crianças em situação de internação hospitalar. Educação, vol. XXIX, núm. 1, janeiro-abril, 2006, pp. 65-83. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, Brasil.

    AZEVÊDO, Adriano. O brincar da criança com câncer no hospital: análise da produção científica. Estudos de Psicologia I Campinas I 28(4) I 565-572 I outubro - dezembro 2011.

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