A permanência da criança no hospital por
muito tempo pode acabar fazendo com que ela venha a esquecer de usar algumas
habilidades cognitivas na resolução de problemas, apresentando algumas
dificuldades de aprendizagem. Isso acontece por conta do bombardeio de
medicamentos e a retirada ou ausência de desafios cognitivos, que podem
provocar regressão de várias áreas do Sistema Nervoso Central (SNC), como a
memoria, a atenção e a coordenação motora fina, o que resulta em défices de
aprendizagem.
Quando a criança é hospitalizada, ela acaba se
deparando com aquele novo ambiente com paredes e roupas brancas, tirando a cor
do seu mundo e trazendo também uma separação do convívio mais íntimo com os
pais e demais familiares, que interfere diretamente na estrutura do
desenvolvimento biopsicossocial, sucedido pelo bloqueio no processo de expansão
intelectual, afetiva e da personalidade.
No hospital as pessoas recebem o nome de
“paciente”, são identificados por números e prontuários, utilizam uniformes e
recebem atendimento de diversos profissionais de saúde. A criança encontra-se
assustada com as mudanças que ocorrem a partir da sua inserção nesse ambiente,
em virtude das regras estabelecidas pela instituição e da manipulação em seu
corpo, realizada pelos profissionais do setor.
As crianças hospitalizadas por período
superior a cinco dias apresentam tendência para desenvolver transtornos
psicológicos, dependendo das experiências anteriores de internação, do quadro
clinico, do tipo de vinculo estabelecido com a família e da idade.
Essas ocorrências, associadas às sensações
de fraqueza representam para a criança uma ameaça a sua condição humana, e os
procedimentos da equipe de saúde provocam medo e são considerados dolorosos, devido
ao controle e forma de avaliação. Assim, as relações da criança no período de
internação propiciam o desenvolvimento de quadros ansiosos, decorrentes da
separação da família, do surgimento da patologia e da admissão no ambiente
hospitalar. Dessa forma, é preciso refletir sobre quais estratégias podem ser utilizadas
para minimizar o impacto proveniente do processo de hospitalização.
A criança hospitalizada com câncer necessita
de uma equipe multiprofissional e de um espaço para expressar suas emoções,
visando compreender a sua vivencia por meio das atividades lúdicas que auxiliem
a promoção da saúde integral. Nesse contexto, a utilização do brincar no
hospital promove uma ação terapêutica, além de auxiliar na atenção integral as
necessidades da criança.
Os estudos acerca do brincar apontam a
importância desse recurso para estimular as funções cognitivas e desenvolver
habilidades nas crianças, por considerar que a atividade lúdica não se resume a
entretenimento e diversão.
No mesmo sentido, Vygotsky estabelece
correlações entre brincar, desenvolvimento e aprendizagem, evidenciando que as
atividades lúdicas permitem recriar as experiências com a imaginação, facilitar
a interação social, estabelecer significados acerca das ações no mundo e criar
a noção de regras. As teorias da psicologia do desenvolvimento valorizam o
brincar e atribuem importância para as etapas relacionadas à aprendizagem de
novos papeis sociais, e, no contexto de hospitalização, isso permite que a
criança perceba as possibilidades de enfrentamento e desenvolva comportamentos
adaptativos.
INTEGRANTES:
Alcina Gonçalves dos Santos
Igor Fellipe da Silva Aguiar
Itamar Ferreira de Sousa
Luana Dantas de Freitas
Maria das Graças Pereira Pacheco
Maria de Fátima Souza
Natan Damasceno Sudário
Thaís Macêda dos Santos
Referencias:
MUNHÓZ, Maria. ORTIZ, Leodi. Um estudo da aprendizagem e
desenvolvimento de crianças em situação de internação hospitalar. Educação,
vol. XXIX, núm. 1, janeiro-abril, 2006, pp. 65-83. Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre, Brasil.
AZEVÊDO, Adriano. O brincar da criança com câncer no
hospital: análise da produção científica. Estudos de Psicologia I Campinas I
28(4) I 565-572 I outubro - dezembro 2011.
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