Esse trabalho tem como tema “os transtornos alimentares”,
que são caracterizados por perturbações no comportamento alimentar. Entretanto,
daremos enfoque a três principais que são a anorexia, bulimia e a obesidade. A
anorexia e a bulimia são transtornos que podem levar ao emagrecimento extremo,
esses quadros são causados por uma redução da alimentação inadequada, e ambos
têm como características comuns: uma intensa preocupação como o peso e o medo
excessivo de engordar, uma percepção distorcida da forma corporal, e a
auto-avaliação baseada no peso e na forma física. Nesses dois principais
transtornos os motivos genéticos não são comprovados pela literatura.
Já a obesidade é o acúmulo de gordura no corpo causado
quase sempre por um consumo excessivo de calorias na alimentação, superior ao
valor usada pelo organismo para sua manutenção e realização das atividades
diárias. A obesidade está associada a motivos multifatoriais e envolvem fatores
tanto fatores ambientais, estilo de vida e fatores emocionais, além disso já é
comprovado que existem fatores genéticos, em que uma pessoa pode herdar a
disposição para obesidade; ter o metabolismo mais lento, o que facilita o
acúmulo de gorduras e dificulta o emagrecimento, ou ter aumento de peso por
conta das oscilações hormonais. Nesse
momento focaremos mais nesse último transtorno por ter causas genéticas
comprovadas pela literatura.
Para iniciar essa discussão se faz interessante ressaltar
que, para sobrevivência e reprodução dos nossos antepassados era preciso
armazenar calorias excessivas para transforma-las em energia, como um modo de
perpetuar a espécie. Desta forma, podemos pensar que as gerações seguintes
podem ter apresentado genes que favoreceram essas características de
sobrevivência, o que hoje pode ser entendido como um desenvolvimento genético
para a obesidade.
Assim, fazendo uma análise dessas características
genéticas para uma perspectiva atual, podemos notar que
filhos biológicos de pais obesos, têm maiores chances de serem obesos,
diferente dos filhos não biológicos de pais não obesos (possuem menos chances
de serem obesos). “Estudos feitos com gêmeos univitelinos, já mostraram que,
mesmo que as crianças vivam separadas, há semelhança de peso. Com crianças
adotivas ocorre o mesmo fenômeno: o peso é mais parecido com o dos pais
biológicos do que com os pais adotivos”1. Logicamente que o estilo de vida (
fatores ambientais) também influencia no progresso
ou retardo desse transtorno. Por isso se faz necessário compartilhar hábitos
alimentares saudáveis e praticar atividades físicas, evitando, assim, doenças que podem ser acarretadas pela
obesidade. Os avanços tecnológicos proporcionaram
informações mais aprofundadas para parte genética, assim atualmente temos
pesquisas que sugerem a atuação de alguns genes que exercem influência para a
obesidade, como os: FTO, o gene fat mass and obesity associated (FTO) é
altamente expresso no hipotálamo, sugerindo um potencial papel do FTO no
controle da ingestão alimentar e do metabolismo corporal; Gene do Receptor da
Leptina (LEPR), a leptina consiste numa proteína produzida e secretada
principalmente pelo tecido adiposo branco, que se destaca pela atividade de
regulação da ingestão alimentar e controle do gasto energético através da ação sobre receptores da leptina
localizados no hipotálamo; Receptores de Melanocortinas
Tipos 4 e 3 (MC4R e MC3R), que estão implicados na regulação do peso corporal,
modulando o gasto energético e a ingestão alimentar. As pesquisas também
proporcionaram um maior conhecimento sobre o período gestacional pois hoje
sabemos que o peso da mãe define o futuro peso da criança.
Engordar muito durante a gestação, favorece o desenvolvimento de tecido adiposo, de gordura, no primeiro ano de vida da criança. Assim aspectos genéticos e uma gravidez que não foi bem desenvolvida podem causar muitos transtornos a criança.
Engordar muito durante a gestação, favorece o desenvolvimento de tecido adiposo, de gordura, no primeiro ano de vida da criança. Assim aspectos genéticos e uma gravidez que não foi bem desenvolvida podem causar muitos transtornos a criança.
Pensando nesse carga genética e no desenvolvimento do ser
humano, o ideal é olhar pela saúde da criança desde a gravidez, mantendo o peso
adequado e a alimentação saudável, e
ensinar bons hábitos de vida, como alimentação rica em legumes, frutas, cereais
integrais, e preferir atividades ao ar livre, para se manter em movimento, sempre que possível. Haja vista
que , Quando o pai e mãe não tem obesidade, o risco de ter filhos obesos é de
apenas 10%. No entanto , quando ambos,
pai e mãe, tem obesidade, o risco da criança desenvolver obesidade é de 80%. E
quando apenas um tem a condição, este risco diminui para 40%. Logo , nota-se
que uma predisposição genética para obesidade , sabe-se hoje que os genes
contribuem em 25-40% para a obesidade. Os genes da obesidade podem exercer os
seus efeitos alterando os gastos energéticos do organismo, o apetite ou a forma
como o organismo processa os nutrientes.
Em um artigo publicado pela Universidade de Navarra,
Espanha em 2014 revelou após diversos estudos com elevado número de famílias
com diferentes graus de consanguinidade
permitiram quantificar e a associar indicadores objetivos de obesidade
(IMC/%gordura), com a proximidade do grau de parentesco sendo o coeficiente de
correlação (r2) baixo entre esposos (0,10-0,19) e tios—sobrinhos (0,08-0,14),
aumentando entre pais e filhos (0,15-0,23) e entre irmãos (0,24-0,34). A
correlação do Índice de Massa Corporal (IMC) é ainda mais elevado em gêmeos
monozigóticos (0,15-0,42) e dizigóticos (0,70-0,88). Ademais, estudos de intervenção dietética, baseados em
balanços energéticos positivos e negativos em gêmeos idênticos, assinalam
fidedignamente que as diferenças na susceptibilidade à super alimentação
crônica ou a períodos de inanição, parecem ser explicadas principalmente por
fatores genéticos.
A obesidade monogênica é definida como a obesidade
resultante da mutação ou deficiência de um único gene. As formas monogênicas de
obesidade podem ser divididas em três grandes categorias:
A primeira delas é a obesidade causada por mutações em
genes que apresentam papel fisiológico no sistema de balanço energético
hipotalâmico leptina-melanocortina. Dentre elas, pode-se citar a deficiência
congênita de leptina, a deficiência do receptor de leptina, a deficiência
completa de POMC (pró-opiomelanocortina) e mutações no receptor tipo 4 de
melanocortina (MC4R). Esse tipo de obesidade cursa com obesidade muito severa,
hiperfagia e outras alterações, como hipogonadismo.
A segunda categoria é a obesidade resultante de
mutações nos genes necessários para o desenvolvimento do hipotálamo (SIM1, BDNF
e NTRK2)
·
BDNF : fator neurotrófico derivado do cérebro localização
11p14.1
·
SIM1: homólogo obstinado 1 - localização 6 q16.3-q21
·
NTRK2 : Ttirosina quinase neurotrófica, receptor, tipo 2 –
localização 9 q22.1
As mutações nestes genes foram descritas recentemente
e também foram implicadas no desenvolvimento de obesidade em ratos e em
humanos. Os mecanismos pelos quais estes genes regulam o peso corporal ainda
não são conhecidos. O desenvolvimento anormal do hipotálamo, o prejuízo
pós-natal à função destes genes ou ambos os mecanismos podem ser responsáveis
pelo fenótipo de obesidade.
A terceira categoria é a obesidade apresentando-se
como parte de uma complexa síndrome causada por mutações em genes cuja relação
funcional com a obesidade ainda não é clara (ex: síndromes de Bardet-Biedl, de
Alstrom e de Carpenter).As causas monogênicas de obesidade identificadas até o
presente momento são responsáveis por menos de 5% da obesidade severa, e são
muito heterogêneas em si.
Obesidade poligênica
Poligênico é quando vários pares de genes interagem
para determinar uma característica, cada um com efeito aditivo sobre o outro
O fenótipo obeso é um traço multifatorial estabelecido
por um somatório dos efeitos genéticos e ambientais, sendo rara a obesidade
monogênica. Diversos polimorfismos genéticos parecem estar associados com a
obesidade.
Estudos sobre a obesidade poligênica baseiam-se na
análise de polimorfismos de nucleotídeos únicos (SNPs) ou repetição de bases
localizadas em um gene candidato ou próximas a ele.
Os genes relacionados à obesidade comum, ou
poligênica, estão envolvidos em uma ampla variedade de funções biológicas, como
a regulação da ingestão alimentar, do gasto energético, do metabolismo lipídico
e da glicose e o desenvolvimento do tecido adiposo.
Não apenas o número de genes associados com a
obesidade é grande, como também as variantes genéticas em alguns deles,
demonstrando a importância dos polimorfismos na interpretação do estímulo
ambiental.
Neste sentido, diversos índices do fenótipo da
obesidade apresentaram correlações estatisticamente significantes com alguns
genes, como por exemplo, apolipoproteína B (ApoB), apolipoproteína D (ApoD),
fator de necrose tumoral (TNF-α), receptor D2 de dopamina (DRD2), receptor de
lipoproteína de baixa densidade (LDLR), receptor de melanocortina 4 (MCR4),
receptor de melanocortina 5 (MCR5), leptina e seu receptor (LEPR), receptor de
glicocorticoides (GLR), receptor ativado por peroxissomas (PPAR), receptor
adrenérgico β3 (ADRB3) e proteína transportadora de ácidos graxos (FABP2).
Além disso, alguns estudos sugerem que no braço 7q
próximo do gene LEP, podem existir marcadores intimamente relacionados com a
obesidade. Também a região cromossômica 11q e o cromossomo 20 apresentaram uma
possível associação com a obesidade, assim como os cromossomos 2, 5 e 10 com a
leptina circulante, onde se encontram os genes da proteína reguladora da
glicoquinase (GKRP) e da pró-opiomelanocortina (POMC).
Integrantes
Alda Letícia de Souza Andrade
Amauri plácido da Silva Neto
Beatriz dos Anjos Dias
Luamar da Silva Biquiba Guarani
Roney da Silva Arrais
Referências
Thompson
& Thompson Genética Médica - 8ª Ed. 2016, Genética 26 -55.
MOLLER ,M.F
Estudos genéticos de síndromes associados a obesidade . Dissertação apresentada ao Institudo de
biociências da Universidade de São Paulo , para obtenção de titulo de mestre em
Biologia/Genética (2014) . 16-69.
Disponível
em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732004000300006>
Acesso em 4 de março de 2019
Disponível
em <
http://fisiologiadaobesidade.blogspot.com/2009/05/obesidade-monogenica.html
> Acesso em 4 de março de 2019
Disponível em <https://repositoriaberto.up.pt/bitstream/10216/61811/2/46855.pdf
>Acesso em 4 de
março
Disponivel em <
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/obesidade-fatores-geneticos/33046>
Acesso em 5 de março
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