1. SER CRIANÇA COM CÂNCER
O câncer é uma doença crônica que afeta uma diversidade de tecidos e órgãos
ocasionando transformações na vida de quem é acometido por essa patologia.
Quando surge em uma criança, bruscas e repentinas mudanças precisam ser
realizadas em seu cotidiano, pois a criança está́ se desenvolvendo e construindo sua
história de vida. A forma como cada um irá experienciar a doença ocorre de modo
distinto. Dessa forma, as crianças diagnosticadas com câncer irão enfrentar situações
novas e ameaçadoras.
Muitas vezes o estabelecimento de uma nova rotina e a convivência com as
incertezas trazem uma questão emocional difícil de lidar. Uma das formas de
contribuir para diminuir esse medo é desmistificar a doença, mostrando que o câncer
não afeta a todos da mesma maneira. Pois cada indivíduo tem a sua história e cada
um se porta de forma ímpar. Sendo assim importante que a criança esteja ciente de
sua enfermidade a fim de que possa elaborar os medos e fantasias oriundos de sua
condição de ser doente. Ao saber sobre a doença, o paciente poderá́ se colocar na
posição de sujeito ativo e tornar-se participativo em seu próprio tratamento.
Mesmo assim nessa perspectiva, as mudanças na imagem corporal, principalmente
a queda de cabelo, afloram nas crianças um sentimento de vergonha fazendo com
que elas tenham receio de retomar as suas atividades cotidianas, sendo esta mais
uma dificuldade a ser enfrentada. Além disso, a morte torna-se uma possibilidade real
devido à gravidade e ao desfecho imprevisível do câncer. Através da morte do outro,
a criança percebe que isso também pode acontecer consigo. O sentimento de
angustia também se faz presente devido à possibilidade de finitude acionada pela
gravidade da doença e ao se deparar com a morte dos companheiros de tratamento,
a criança reflete sobre sua própria finitude.
Compreender a dor no câncer e sua multidimensionalidade apresenta-se como um
imenso desafio, pois não basta conhecer sua etiologia, mas é preciso estar atento ao
sofrimento humano a partir da percepção e expressão de quem vivencia a experiência
dolorosa, Pois ao adoecer e ser internada em um hospital a criança irá experimentar
situações ameaçadoras, pois a enfermidade remete a possibilidade de finitude
suscitando um temor à morte.
Nesse momento, revelam o medo de se separar de sua família, amigos e
companheiros com quem criaram laços afetivos. Neste sentido, a criança é capaz de
apropriar-se da situação, visto que se trata de seu mundo circundante, no qual ela
habita e se adapta. Em tal contexto, as pessoas ao seu redor, que compõem seu
mundo humano, se tornam fundamentais, pois lhe dão referência e suporte para sua
existência. Desse modo, ao longo do enfrentamento da doença e de suas demandas,
os significados vão sendo atribuídos, imprimindo um sentido para o que é vivido.
Assim, ser-com o outro é compartilhar, sendo esta a condição ontológica do ser. Em
uma situação de adoecimento, a coexistência desvela-se de forma própria, pois no
ser-com o outro o ser se atualiza ao se relacionar mutuamente com outras pessoas.
A fenomenologia realiza a leitura dos fenômenos, além de descrever a inter-relação
entre sujeito e objeto, também se preocupa em mostrar a constituição de sentidos
pelo sujeito que ocorre no entrecruzamento de suas experiências vividas. O enfoque
fenomenológico apresenta as características básicas do existir humano: ser-nomundo,
temporalizar, espacializar e escolher, que não são dimensões separadas,
mas constituem uma totalidade. A experiência cotidiana imediata é o cenário onde a
vida acontece, ser-no-mundo é a sua estrutura fundamental. Nessa perspectiva, do
homem enquanto ser- no-mundo, o significado não est́a nas coisas, mas no sentido
que surge na relação do sujeito com estas. Portanto, ser e mundo são partes
constitutivas do ser. O sentido do ser está relacionado à abertura para compreensão
que cada pessoa tem de si, do outro e do mundo. Sendo assim, as crianças com
câncer não podem ser dissociadas desse mundo existencial em que foram lançadas,
enquanto existentes. Ser-crianç a-com-câ ncer é um modo peculiar de significar o
mundo a sua volta.
2. SER MÃE DE UMA CRIANÇA COM CÂNCER
Quando é dado o diagnóstico de câncer em crianças é como se as dificuldades
fossem apresentadas numa proporção maior para a família, pois de certa forma as
crianças ainda são vistas como sendo frágeis, ingênuas como seres que estão no
início da vida e que tem muita coisa para viver. Entretanto, quando ocorre um caso
desses na família diversas e imprevisíveis são as reações frente à doença e à
hospitalização de seus filhos. Medo, insegurança, culpa, ansiedade pelo diagnóstico,
pela cura. Por outro lado, a criança necessita de apoio para minimizar os possíveis
danos irreversíveis e a desorganização emocional e os entes próximos precisam se
adaptar as novas alterações do cotidiano frente à doença do filho (a) para ajuda-lo
(a).
Esses danos podem se refletir na relação mãe-filho, pois, frequentemente, a mãe é
a figura parental que mais compartilha um conjunto de ocorrências no processo de
hospitalização, sofrendo junto com o filho com câncer em todas as etapas do adoecer,
do diagnóstico ao tratamento, pois ela é percebida como principal cuidadora. Pedroso
(2002) ressalta que com o desenvolvimento dos hospitais e da Pediatria, vários
estudos compreenderam que quando a criança era acompanhada da
mãe/acompanhante, esta tinha uma melhora considerável, e que a privação de um
familiar agravava o quadro clínico. Visto isso, o autor acrescenta a importância da
mãe/acompanhante junto à criança.
É importante ressaltar que as experiências vividas das mães frente ao diagnostico
que é dado e o tratamento de seus filhos são representados de formas especificas e
diferentes de mãe para mãe, pois embora em alguns casos sejam observados alguns
sentimentos e características semelhantes como, por exemplo, medo de perda,
tristeza, cuidados com o filho (a) essas experiências em comuns não são iguais, pois
cada fenômeno é único. Logo, cada mãe pode manter uma relação de cuidado
durante o tratamento hospitalar do filho de forma divergente, pois algumas podem
cuidar dos filhos e continuar desempenhando os mesmo papeis que até então
desempenhavam ,preservando o seu SER-MÃE-NO-MUNDO ou de outra forma
mantendo-se uma relação de mãe-filho de maneira mais indissociada voltando se
todas as suas atividades quase que exclusivamente para as necessidades do filho
priorizando apenas o papel de mãe e o cuidado do filho que seria ESTAR-NOMUNDO-
COM-SEU-FILHO-COM-CANCÊR.
Portanto, no caso de uma mãe que tem um filho com câncer todas as suas
possibilidades vão de acordo com o sentido que a mesma atribui a própria existência
para assim lidar com o fenômeno de câncer do filho que está sendo ou foi vivenciado
por ela, pois querendo ou não ela como mãe está imersa no mundo, possui
sentimentos, pensamentos, sensações e pode agir.
Natan Damasceno Sudário
Thaís Macêda dos Santos
REFERENCIAL TEÓRICO
GOMES, Kássia. E a vida sofre transformações: Compreendendo a vivência de
crianças com câncer à luz da psicologia fenomenológica existencial. Disponível
em:<https://tede.ufam.edu.br/bitstream/tede/4638/2/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20%2
0K%C3%A1ssia%20Karina%20Amorim%20Gomes.pdf>.
SIQUEIRA, Hilze. Expressão da dor na criança com câncer: uma compreensão
fenomenológica. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v32n4/0103-166Xestpsi-
32-04-00663.pdf >.
RODRIGUES, Mariana. Ser-mãe de Criança com Câncer: Um Estudo
Fenomenológico. Disponível em: <https://itgt.com.br/nepps/NEPPS/Textos/Ser_mae_de_crianca_com_cancer.pdf >.
O câncer é uma doença crônica que afeta uma diversidade de tecidos e órgãos
ocasionando transformações na vida de quem é acometido por essa patologia.
Quando surge em uma criança, bruscas e repentinas mudanças precisam ser
realizadas em seu cotidiano, pois a criança está́ se desenvolvendo e construindo sua
história de vida. A forma como cada um irá experienciar a doença ocorre de modo
distinto. Dessa forma, as crianças diagnosticadas com câncer irão enfrentar situações
novas e ameaçadoras.
Muitas vezes o estabelecimento de uma nova rotina e a convivência com as
incertezas trazem uma questão emocional difícil de lidar. Uma das formas de
contribuir para diminuir esse medo é desmistificar a doença, mostrando que o câncer
não afeta a todos da mesma maneira. Pois cada indivíduo tem a sua história e cada
um se porta de forma ímpar. Sendo assim importante que a criança esteja ciente de
sua enfermidade a fim de que possa elaborar os medos e fantasias oriundos de sua
condição de ser doente. Ao saber sobre a doença, o paciente poderá́ se colocar na
posição de sujeito ativo e tornar-se participativo em seu próprio tratamento.
Mesmo assim nessa perspectiva, as mudanças na imagem corporal, principalmente
a queda de cabelo, afloram nas crianças um sentimento de vergonha fazendo com
que elas tenham receio de retomar as suas atividades cotidianas, sendo esta mais
uma dificuldade a ser enfrentada. Além disso, a morte torna-se uma possibilidade real
devido à gravidade e ao desfecho imprevisível do câncer. Através da morte do outro,
a criança percebe que isso também pode acontecer consigo. O sentimento de
angustia também se faz presente devido à possibilidade de finitude acionada pela
gravidade da doença e ao se deparar com a morte dos companheiros de tratamento,
a criança reflete sobre sua própria finitude.
Compreender a dor no câncer e sua multidimensionalidade apresenta-se como um
imenso desafio, pois não basta conhecer sua etiologia, mas é preciso estar atento ao
sofrimento humano a partir da percepção e expressão de quem vivencia a experiência
dolorosa, Pois ao adoecer e ser internada em um hospital a criança irá experimentar
situações ameaçadoras, pois a enfermidade remete a possibilidade de finitude
suscitando um temor à morte.
Nesse momento, revelam o medo de se separar de sua família, amigos e
companheiros com quem criaram laços afetivos. Neste sentido, a criança é capaz de
apropriar-se da situação, visto que se trata de seu mundo circundante, no qual ela
habita e se adapta. Em tal contexto, as pessoas ao seu redor, que compõem seu
mundo humano, se tornam fundamentais, pois lhe dão referência e suporte para sua
existência. Desse modo, ao longo do enfrentamento da doença e de suas demandas,
os significados vão sendo atribuídos, imprimindo um sentido para o que é vivido.
Assim, ser-com o outro é compartilhar, sendo esta a condição ontológica do ser. Em
uma situação de adoecimento, a coexistência desvela-se de forma própria, pois no
ser-com o outro o ser se atualiza ao se relacionar mutuamente com outras pessoas.
A fenomenologia realiza a leitura dos fenômenos, além de descrever a inter-relação
entre sujeito e objeto, também se preocupa em mostrar a constituição de sentidos
pelo sujeito que ocorre no entrecruzamento de suas experiências vividas. O enfoque
fenomenológico apresenta as características básicas do existir humano: ser-nomundo,
temporalizar, espacializar e escolher, que não são dimensões separadas,
mas constituem uma totalidade. A experiência cotidiana imediata é o cenário onde a
vida acontece, ser-no-mundo é a sua estrutura fundamental. Nessa perspectiva, do
homem enquanto ser- no-mundo, o significado não est́a nas coisas, mas no sentido
que surge na relação do sujeito com estas. Portanto, ser e mundo são partes
constitutivas do ser. O sentido do ser está relacionado à abertura para compreensão
que cada pessoa tem de si, do outro e do mundo. Sendo assim, as crianças com
câncer não podem ser dissociadas desse mundo existencial em que foram lançadas,
enquanto existentes. Ser-crianç a-com-câ ncer é um modo peculiar de significar o
mundo a sua volta.
2. SER MÃE DE UMA CRIANÇA COM CÂNCER
Quando é dado o diagnóstico de câncer em crianças é como se as dificuldades
fossem apresentadas numa proporção maior para a família, pois de certa forma as
crianças ainda são vistas como sendo frágeis, ingênuas como seres que estão no
início da vida e que tem muita coisa para viver. Entretanto, quando ocorre um caso
desses na família diversas e imprevisíveis são as reações frente à doença e à
hospitalização de seus filhos. Medo, insegurança, culpa, ansiedade pelo diagnóstico,
pela cura. Por outro lado, a criança necessita de apoio para minimizar os possíveis
danos irreversíveis e a desorganização emocional e os entes próximos precisam se
adaptar as novas alterações do cotidiano frente à doença do filho (a) para ajuda-lo
(a).
Esses danos podem se refletir na relação mãe-filho, pois, frequentemente, a mãe é
a figura parental que mais compartilha um conjunto de ocorrências no processo de
hospitalização, sofrendo junto com o filho com câncer em todas as etapas do adoecer,
do diagnóstico ao tratamento, pois ela é percebida como principal cuidadora. Pedroso
(2002) ressalta que com o desenvolvimento dos hospitais e da Pediatria, vários
estudos compreenderam que quando a criança era acompanhada da
mãe/acompanhante, esta tinha uma melhora considerável, e que a privação de um
familiar agravava o quadro clínico. Visto isso, o autor acrescenta a importância da
mãe/acompanhante junto à criança.
É importante ressaltar que as experiências vividas das mães frente ao diagnostico
que é dado e o tratamento de seus filhos são representados de formas especificas e
diferentes de mãe para mãe, pois embora em alguns casos sejam observados alguns
sentimentos e características semelhantes como, por exemplo, medo de perda,
tristeza, cuidados com o filho (a) essas experiências em comuns não são iguais, pois
cada fenômeno é único. Logo, cada mãe pode manter uma relação de cuidado
durante o tratamento hospitalar do filho de forma divergente, pois algumas podem
cuidar dos filhos e continuar desempenhando os mesmo papeis que até então
desempenhavam ,preservando o seu SER-MÃE-NO-MUNDO ou de outra forma
mantendo-se uma relação de mãe-filho de maneira mais indissociada voltando se
todas as suas atividades quase que exclusivamente para as necessidades do filho
priorizando apenas o papel de mãe e o cuidado do filho que seria ESTAR-NOMUNDO-
COM-SEU-FILHO-COM-CANCÊR.
Portanto, no caso de uma mãe que tem um filho com câncer todas as suas
possibilidades vão de acordo com o sentido que a mesma atribui a própria existência
para assim lidar com o fenômeno de câncer do filho que está sendo ou foi vivenciado
por ela, pois querendo ou não ela como mãe está imersa no mundo, possui
sentimentos, pensamentos, sensações e pode agir.
INTEGRANTES:
Alcina Gonçalves dos Santos
Igor Fellipe da Silva Aguiar
Itamar Ferreira de Sousa
Luana Dantas de Freitas
Luana Dantas de Freitas
Maria das Graças Pereira Pacheco
Maria de Fátima Souza
REFERENCIAL TEÓRICO
GOMES, Kássia. E a vida sofre transformações: Compreendendo a vivência de
crianças com câncer à luz da psicologia fenomenológica existencial. Disponível
em:<https://tede.ufam.edu.br/bitstream/tede/4638/2/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20%2
0K%C3%A1ssia%20Karina%20Amorim%20Gomes.pdf>.
SIQUEIRA, Hilze. Expressão da dor na criança com câncer: uma compreensão
fenomenológica. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v32n4/0103-166Xestpsi-
32-04-00663.pdf >.
RODRIGUES, Mariana. Ser-mãe de Criança com Câncer: Um Estudo
Fenomenológico. Disponível em: <https://itgt.com.br/nepps/NEPPS/Textos/Ser_mae_de_crianca_com_cancer.pdf >.
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