• Nó Górdio 2
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  • segunda-feira, 11 de março de 2019

    O ser criança com câncer e o ser cuidador de criança com câncer: Uma visão fenomenológica existencial

    1. SER CRIANÇA COM CÂNCER

    O câncer é uma doença crônica que afeta uma diversidade de tecidos e órgãos
    ocasionando transformações na vida de quem é acometido por essa patologia.
    Quando surge em uma criança, bruscas e repentinas mudanças precisam ser
    realizadas em seu cotidiano, pois a criança está́ se desenvolvendo e construindo sua
    história de vida. A forma como cada um irá experienciar a doença ocorre de modo
    distinto. Dessa forma, as crianças diagnosticadas com câncer irão enfrentar situações
    novas e ameaçadoras.
    Muitas vezes o estabelecimento de uma nova rotina e a convivência com as
    incertezas trazem uma questão emocional difícil de lidar. Uma das formas de
    contribuir para diminuir esse medo é desmistificar a doença, mostrando que o câncer
    não afeta a todos da mesma maneira. Pois cada indivíduo tem a sua história e cada
    um se porta de forma ímpar. Sendo assim importante que a criança esteja ciente de
    sua enfermidade a fim de que possa elaborar os medos e fantasias oriundos de sua
    condição de ser doente. Ao saber sobre a doença, o paciente poderá́ se colocar na
    posição de sujeito ativo e tornar-se participativo em seu próprio tratamento.
    Mesmo assim nessa perspectiva, as mudanças na imagem corporal, principalmente
    a queda de cabelo, afloram nas crianças um sentimento de vergonha fazendo com
    que elas tenham receio de retomar as suas atividades cotidianas, sendo esta mais
    uma dificuldade a ser enfrentada. Além disso, a morte torna-se uma possibilidade real
    devido à gravidade e ao desfecho imprevisível do câncer. Através da morte do outro,
    a criança percebe que isso também pode acontecer consigo. O sentimento de
    angustia também se faz presente devido à possibilidade de finitude acionada pela
    gravidade da doença e ao se deparar com a morte dos companheiros de tratamento,
    a criança reflete sobre sua própria finitude.
    Compreender a dor no câncer e sua multidimensionalidade apresenta-se como um
    imenso desafio, pois não basta conhecer sua etiologia, mas é preciso estar atento ao
    sofrimento humano a partir da percepção e expressão de quem vivencia a experiência
    dolorosa, Pois ao adoecer e ser internada em um hospital a criança irá experimentar
    situações ameaçadoras, pois a enfermidade remete a possibilidade de finitude
    suscitando um temor à morte.
    Nesse momento, revelam o medo de se separar de sua família, amigos e
    companheiros com quem criaram laços afetivos. Neste sentido, a criança é capaz de
    apropriar-se da situação, visto que se trata de seu mundo circundante, no qual ela
    habita e se adapta. Em tal contexto, as pessoas ao seu redor, que compõem seu
    mundo humano, se tornam fundamentais, pois lhe dão referência e suporte para sua
    existência. Desse modo, ao longo do enfrentamento da doença e de suas demandas,
    os significados vão sendo atribuídos, imprimindo um sentido para o que é vivido.
    Assim, ser-com o outro é compartilhar, sendo esta a condição ontológica do ser. Em
    uma situação de adoecimento, a coexistência desvela-se de forma própria, pois no
    ser-com o outro o ser se atualiza ao se relacionar mutuamente com outras pessoas.
    A fenomenologia realiza a leitura dos fenômenos, além de descrever a inter-relação
    entre sujeito e objeto, também se preocupa em mostrar a constituição de sentidos
    pelo sujeito que ocorre no entrecruzamento de suas experiências vividas. O enfoque
    fenomenológico apresenta as características básicas do existir humano: ser-nomundo,
    temporalizar, espacializar e escolher, que não são dimensões separadas,
    mas constituem uma totalidade. A experiência cotidiana imediata é o cenário onde a
    vida acontece, ser-no-mundo é a sua estrutura fundamental. Nessa perspectiva, do
    homem enquanto ser- no-mundo, o significado não est́a nas coisas, mas no sentido
    que surge na relação do sujeito com estas. Portanto, ser e mundo são partes
    constitutivas do ser. O sentido do ser está relacionado à abertura para compreensão
    que cada pessoa tem de si, do outro e do mundo. Sendo assim, as crianças com
    câncer não podem ser dissociadas desse mundo existencial em que foram lançadas,
    enquanto existentes. Ser-crianç a-com-câ ncer é um modo peculiar de significar o
    mundo a sua volta.

    2. SER MÃE DE UMA CRIANÇA COM CÂNCER

    Quando é dado o diagnóstico de câncer em crianças é como se as dificuldades
    fossem apresentadas numa proporção maior para a família, pois de certa forma as
    crianças ainda são vistas como sendo frágeis, ingênuas como seres que estão no
    início da vida e que tem muita coisa para viver. Entretanto, quando ocorre um caso
    desses na família diversas e imprevisíveis são as reações frente à doença e à
    hospitalização de seus filhos. Medo, insegurança, culpa, ansiedade pelo diagnóstico,
    pela cura. Por outro lado, a criança necessita de apoio para minimizar os possíveis
    danos irreversíveis e a desorganização emocional e os entes próximos precisam se
    adaptar as novas alterações do cotidiano frente à doença do filho (a) para ajuda-lo
    (a).
    Esses danos podem se refletir na relação mãe-filho, pois, frequentemente, a mãe é
    a figura parental que mais compartilha um conjunto de ocorrências no processo de
    hospitalização, sofrendo junto com o filho com câncer em todas as etapas do adoecer,
    do diagnóstico ao tratamento, pois ela é percebida como principal cuidadora. Pedroso
    (2002) ressalta que com o desenvolvimento dos hospitais e da Pediatria, vários
    estudos compreenderam que quando a criança era acompanhada da
    mãe/acompanhante, esta tinha uma melhora considerável, e que a privação de um
    familiar agravava o quadro clínico. Visto isso, o autor acrescenta a importância da
    mãe/acompanhante junto à criança.
    É importante ressaltar que as experiências vividas das mães frente ao diagnostico
    que é dado e o tratamento de seus filhos são representados de formas especificas e
    diferentes de mãe para mãe, pois embora em alguns casos sejam observados alguns
    sentimentos e características semelhantes como, por exemplo, medo de perda,
    tristeza, cuidados com o filho (a) essas experiências em comuns não são iguais, pois
    cada fenômeno é único. Logo, cada mãe pode manter uma relação de cuidado
    durante o tratamento hospitalar do filho de forma divergente, pois algumas podem
    cuidar dos filhos e continuar desempenhando os mesmo papeis que até então
    desempenhavam ,preservando o seu SER-MÃE-NO-MUNDO ou de outra forma
    mantendo-se uma relação de mãe-filho de maneira mais indissociada voltando se
    todas as suas atividades quase que exclusivamente para as necessidades do filho
    priorizando apenas o papel de mãe e o cuidado do filho que seria ESTAR-NOMUNDO-
    COM-SEU-FILHO-COM-CANCÊR.
    Portanto, no caso de uma mãe que tem um filho com câncer todas as suas
    possibilidades vão de acordo com o sentido que a mesma atribui a própria existência
    para assim lidar com o fenômeno de câncer do filho que está sendo ou foi vivenciado
    por ela, pois querendo ou não ela como mãe está imersa no mundo, possui
    sentimentos, pensamentos, sensações e pode agir.

    INTEGRANTES:
    Alcina Gonçalves dos Santos
    Igor Fellipe da Silva Aguiar
    Itamar Ferreira de Sousa
    Luana Dantas de Freitas
    Maria das Graças Pereira Pacheco
    Maria de Fátima Souza
    Natan Damasceno Sudário

    Thaís Macêda dos Santos

    REFERENCIAL TEÓRICO

    GOMES, Kássia. E a vida sofre transformações: Compreendendo a vivência de
    crianças com câncer à luz da psicologia fenomenológica existencial. Disponível
    em:<https://tede.ufam.edu.br/bitstream/tede/4638/2/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20%2
    0K%C3%A1ssia%20Karina%20Amorim%20Gomes.pdf>.

    SIQUEIRA, Hilze. Expressão da dor na criança com câncer: uma compreensão
    fenomenológica. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v32n4/0103-166Xestpsi-
    32-04-00663.pdf >.

    RODRIGUES, Mariana. Ser-mãe de Criança com Câncer: Um Estudo
    Fenomenológico. Disponível em: <https://itgt.com.br/nepps/NEPPS/Textos/Ser_mae_de_crianca_com_cancer.pdf >.

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